Hidrovia do São Francisco pode parar a qualquer momento

A hidrovia do São Francisco corre sério risco de uma total paralisação, devido a falta de manutenção da dragagem que vem formando inúmeros bancos de areia, principalmente nos 604 quilômetros navegáveis que compreendem os municípios de Ibotirama-BA e Juazeiro-BA/Petrolina-PE. O alerta, que já vem mobilizando prefeitos e entidades públicas e privadas de vários municípios ao longo do rio da Integração Nacional, foi dado inicialmente em meados do ano passado, depois da interrupção dos trabalhos de dragagem que vinham sendo realizados pelos Governos Federal, da Bahia e de Pernambuco sob a responsabilidade da Ahsfra, órgão que administra a hidrovia. No início deste mês de agosto, os sérios problemas de calado do rio voltaram a chamar a atenção pelos inúmeros prejuízos ocasionados ao transporte de produtos como grãos, gesso agrícola, minérios e fertilizantes – a hidrovia do São Francisco movimenta milhões com o transporte anual de milhares de toneladas de produtos. Os bancos de areia praticamente impossibilitaram a passagem de um comboio com seis chatas nas proximidades da Ilha do Mendonça – as embarcações só prosseguiram a viagem depois da ajuda de um outro empurrador que teve o auxilio de uma dragagem emergencial utilizando as próprias hélices.
O prefeito de Muquém do São Francisco-BA, José Nicolau é o primeiro a chamar a atenção da importância da hidrovia para a economia, geração de empregos e até da “afinidade emocional dos ribeirinhos com a navegação” e o escoamento dos produtos do Oeste baiano para o porto de Suape e demais estados nordestinos. Já os prefeitos de Juazeiro e Petrolina, respectivamente Isaac Carvalho e Domingos Sávio (em exercício), também reclamam da situação por que passa a Hidrovia do São Francisco e os prejuízos ocasionados às duas cidades com a descontinuidade da manutenção. “Na última visita da presidenta Dilma Rousseff à Juazeiro, conversei com ela sobre a Hidrovia. Conversamos também com o governador Jaques Wagner, que em audiência no ano passado se prontificou para a solução desta dragagem.Enquanto aguardamos as providências, vamos manter contatos também com o Ministério dos Transportes, via Dnit e a administradora da hidrovia Ahsfra. A hidrovia é essencial ao nosso desenvolvimento”, assegurou Isaac Carvalho. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrolina (CDL), João Ferreira, o projeto hidroviário do São Francisco é uma preocupação de todos os segmentos produtivos, inclusive o comercial. “Já perdemos investimentos como o do grupo holandês Kobra, que cancelou o contrato de Pluma e Linter de Algodão com a São Francisco Têxtil, de Petrolina por conta dos problemas com o calado da Hidrovia. Nós já sentimos os reflexos da queda do movimento. Estamos à disposição da sociedade para gritarmos juntos pela continuidade nos trabalhos, pelo ressurgimento, em toda sua plenitude, da nossa Hidrovia do São Francisco”, concluiu.

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