NATAL EQUINO

O pseudo “governo da mudança” nada tem de louvor que contemple neste Natal esta cidade de Juazeiro. Seria uma concepção irrealizável ouvir o soar do Sino de Belém; mais provável seria ouvir-se o badalo golpeado da síndrome do relinchar em rodeios.

Ao invés disso, seremos contemplados com a instalação de cavalariça e cultura de competição ou espetáculo consistente em montar a cavalo ou bois selvagens. Que a indigitada “mudança” deixe encerrar no seu espírito egoísta propósito contrário ao senso comum e passe a ter esmero para com os bens públicos. Somente um beócio, curto de inteligência, ou portador de viés doentio e interesseiro, para apresentar contradita que a incúria neste panteão da “mudança” é verdade cristalina.

As calçadas, ruas e praças são verdadeiros escombros de guerra! Chão fétido em vários logradouros! A “insensibilidade vendada” do poder público municipal não enxerga os sinistros, mantendo, assim, a negligência e o desleixo administrativo. Enfim, deleita-se garbosamente na fleuma do “pseudo mudança”.

As tradições, memórias e a história de Juazeiro, assim como sua cultura precisam ser preservadas, pois um povo sem essas vertentes passa a ser uma coisa inanimada que deve morar na casa dos mortos, cemitério.

Que se faça uma criança sorrir neste Natal e que tenha pelo menos o direito a um sonho de esperança, pois lhe faltam os momentos lúdicos, lazer! Os bairros periféricos, muitos dele onde mora a pobreza, constituem o limbo da sarjeta, em que crianças e adultos só encontram humilhação quando procuram o Sistema de Saúde Público, pois é serviço tosco e pálido.


É um governo que não prospera, sem o mínimo de afeto popular. Sem o mínimo de lirismo, afastado da simpatia urbana. Não deve guardar rancor ou resmungar das sátiras costumeiras na mídia que não deixam de ser uma composição poética. Portanto, é de fato um governo difuso, impreciso, não claro! Juazeiro, inegavelmente, prefere sua ausência e não vê-lo na galeria que registrou marcas indeléveis, pois, fugiu do agrado do povo que tanto o abraçou na esperança de uma administração fulgente.

Valorizamos com uma plenitude de prazer todos os cavalarianos e os cavaleiros, bem como as mulheres amazonas, que montavam a cavalo na mitologia grega, sendo mulheres corajosas e guerreiras. O que os juazeirenses de senso se incomodam é com a inversão de valores, visto que não se aceita o tolhimento das tradicionais festas populares, substituindo cruelmente o Carnaval e o São João por festas com “cowboys, boi Barnabé e a vaca Salomé” (Vaqueiro, Bob Nelson).

Não se trata de qualquer preconceito contra o pseudo “mudança”. Longe de se imaginar em estereótipo, uma espécie de fotografia que nossa imaginação concebe. Jamais uma ideia preconceituosa, suposição que se cria.

Juazeiro merece respirar paz, mergulhar na felicidade e remoer uma alegria sem fim. Não a deixe naufragar como coisa abandonada na esteira da ingratidão municipal para ser lançada no infortúnio, levada por uma lufada demoníaca. Quando um governo não ouve o conselho do povo, ficando fixo e mouco na sua soberba onírica, montado na empáfia e no ornato de uma roseta impiedosa, fique consciente que o fim é sempre melancólico, sem direito a uma inscrição de caráter memorial.
Essas dissonâncias bem desagradáveis relembram-nos o comportamento despótico de Luís XIV, rei da França, cognominado de “Rei Sol”, autor da célebre frase: “L´État c´est moi!” (O Estado sou eu).

O contrapor do “governo da mudança” com uma gestoria ideal é notória. Não existe correspondência simétrica com um governo que segue o diapasão que o povo espera. “Quem não segue a vontade do povo, pode esperar a queda” (José Carlos do Patrocínio, advogado, farmacêutico, jornalista, orador, poeta e romancista, negro alforriado e grande abolicionista)
Os Cinco Livros do Pentateuco-Gênesis: Capítulo I “Disse também Deus: Produza a terra erva verde, que faça semente, e que produza árvores frutíferas”. Seria o óbvio para um governo que pensa na distribuição dos pães. Quem escuta os humilhados será ouvido pelo Senhor! Zombar da vontade soberana do povo é mesmo que desejar a guilhotina, quando em 1789 houve a deflagração da Revolução Francesa.

Pelo que se tem visto, temos que rezar para que a auréola atroz do “governo da mudança” jamais se torne atavismo na política juazeirense, transmitindo, portanto, características próprias. Não somos “vaca de Presépio” que fica automatizada todo o tempo balançando a cabeça dizendo amém!

Creio que o governo “Rei Sol” esteja com a maldição de Cam. Mesmo para os laicos, pessoas que não receberam orientação religiosa, Cam foi o segundo filho de Noé, pelo fato de zombar de seu pai por ter-se embriagado foi ele amaldiçoado, recaindo a maldição sobre seu filho, Canaã. Que nunca Canaã seja Juazeiro!

Não sou deidade ou oráculo, mas recomendo que o “governo da mudança” retire a “maldição de Cam” recorrendo à planta hortense (Allium sativum). Bulbos chamados cabeças, vários dentes: alho que não é difícil se encontrar nas feiras livres, supermercados, etc. O olor desse diaforético acaba com todas as feitiçarias, vampiros, maldade, mau-olhado, etc.

Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR – Bel. em Direito – Membro da Academia Juazeirense de Letras – Escritor – Cronista – Membro da ABI/Seccional Norte.

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