ESCOLA PÚBLICA: Repensar o atual modelo de sua grade curricular

Sempre haverá discordância, e isso é natural, pois vivemos num país democrático, onde cada um pode expressar-se livremente. Contudo, a ausência da disciplina de cunho religioso no ensino público, e a perda do hábito das crianças participarem do hasteamento da Bandeira e o canto do Hino nacional brasileiro, contribuiu muito para a situação vexatória que estamos vivenciando hoje nas escolas públicas. Ter em sala de aula uma leitura reflexiva da Bíblia ou mesmo orar o Pai nosso como antigamente, não influencia ninguém a seguir qualquer corrente filosófica ou mesmo aceitar qualquer religião, até porque o Brasil é um país laico, e todos podem seguir ou defender o credo que quiserem, e o Estado não interfere quanto a esta escolha, a Constituição Federal dá essa prerrogativa a qualquer cidadão.

Estamos perplexos e chocados com os acontecimentos do nosso dia a dia, a escola que deveria ser um lugar de aprender, armazenar conhecimentos, desenvolver o senso crítico, contribuir para a formação da cidadania e construção social, tornou-se cenário de gladiadores onde alunos e professores vivem em constantes conflitos, fatos que estão se tornado uma rotina nas escolas públicas de nosso país. A arma de fogo que é algo restrito por lei a nossa polícia, está sendo portada com facilidade por jovens estudantes, não é difícil numa abordagem rotineira encontrá-la numa mochila ou até mesmo uma arma branca, aliás, os crimes que estão em voga mais recentemente são através desse instrumento, tão mortal quanto à arma.

Outro problema de difícil solução, é que as famílias estão transferindo pra a escola uma responsabilidade exclusiva dela, que é a educação de um filho. As orientações básicas têm que vir de casa, é a primeira escola, corrigir quando necessário, colocar limites sempre com respeito e autoridade de pai, sem exceder, respeitando o filho, e mostrando pra ele que a vida não consiste só de vitórias, mas também de fracassos constantes. Se não forem ensinados dessa maneira dificilmente estarão preparados para enfrentarem uma situação adversa. É bastante conhecido à frase não basta ser pai e mãe, é necessária participação, e essa participação é com amor, carinho, afeto, acompanhamento e aceitação, pois a presença dos pais na vida dos filhos transmite segurança e proteção. Certamente esse filho ou filha sentir-se-á importante e amado no processo de sua autoestima.

A escola tem a sua função social, mas infelizmente não está preparada para solucionar os problemas de violência em sala de aula. Não tem uma metodologia que possa aplicar na problemática do alunado e, ao deparar com situações de risco ficam impotentes e geralmente os desfechos dessas histórias são catastróficas, com algumas exceções. Fazer campanhas pregando a paz não deixa de ser um ato importante, porém, não é eficaz, porque não resolve o conflito, é preciso mais que isto. É importante a participação do governo, da população e toda a sociedade representativa, unindo forças e objetividade na busca de ações práticas e concretas para salvar nossos filhos e fazer com que nossas escolas sejam um lugar atraente e prazeroso. Deve-se fazer um estudo aprofundado e dinâmico com a participação de psicólogos, sociólogos, especialistas em gerenciamento de conflitos escolares, psiquiatras, pedagogos, autoridades civis e militares, a Guarda Municipal, porque é uma instituição que está em ascensão e mais próxima á população nesse tipo de discussão e pode contribuir com a sua experiência, pois da forma que está não há quem sobreviva a esse sistema sem que haja perdas, não perdas de materiais, e sim de vidas, vidas inocentes. Sempre existiram conflitos entre alunos com alunos e também entre eles com os professores, mas não na proporção que estamos presenciando atualmente, deixando transparecer que tudo está escapando ao nosso controle ou não estamos sabendo lidar com essas questões, exigindo de cada professor mais que ensinar e que ele tenha competência para administrar violência física.

Sou defensor do ensino religioso de volta, que o mesmo faça parte da grade escolar, pode até não resolver essas circunstâncias, porém, ajuda a criança a valorizar e ter amor pela vida, praticar atos de bondade para com seus colegas, e acima de tudo é refrigério para o coração e remédio para a alma.

Obviamente quando os nossos representantes políticos olharem a educação como prioridade e, concentrarem esforços no sentido de melhorarem o atual sistema de ensino, implementando políticas de valorização dos nossos professores, como também na qualidade do ensino, será um novo modelo de educação e desenvolvimento para o país e crescimento econômico e social da nação.

*Antonio Damião Oliveira da Silva (damis.oliver@hotmail.com)

Professor de Matemática/ Guarda Municipal de Petrolina

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