Os empresários americanos demoraram um pouco a entender o impacto que a elevação da tarifa de importação sobre produtos brasileiros para 50% teria sobre os seus negócios, diz Guilherme Coelho, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). As entidades representativas de setores exportadores, conta Coelho, estão procurando seus correspondentes no mercado americano para alertar sobre os efeitos da taxação e tem obtido ressonância, com o entendimento que inviabilizar a venda dos produtos brasileiros vai prejudicar os negócios e para os preços nos Estados Unidos.
– Os americanos achavam que o impacto seria aqui, mas agora estão entendendo que vão se lascar também. Eles estão começando a acordar, o nível de preocupação está maior. Como os distribuidores vão honrar seus contratos de entrega de manga nos supermercados sem a fruta brasileira? Toda a exportação é feita analisando as janelas de oportunidade e agora é justamente um momento em que acaba a entrega da manga mexicana e entra a safra brasileira. A situação ainda é mais grave em relação ao café e ao suco de laranja, não tem como substituir o volume de exportação brasileira, e vai haver reflexo nos preços para o consumidor americano – diz o presidente da Abrafrutas.
Coelho conversou com o blog quando chegava ao Vale do São Francisco, após a reunião com o governo em Brasília. Os produtores de frutas dessa região, conta, estão entre os que podem ser fortemente impactados com o tarifaço de Donald Trump, pois, como já contamos aqui, é de lá que saem boa parte das mangas enviadas aos EUA, que deveriam ser embarcadas nas primeiras semanas de agosto. Tudo já está feito, a compra de embalagens, a reserva dos contêineres, o espaço nos navios. Coelho explica, no entanto, que, se para os produtores brasileiros não é viável redirecionar, no curto prazo, a produção que seria destinada ao mercado americano, também não é tão simples para os importadores, tão pouco é simples fazer uma troca a tempo de cumprir seus contratos.
Tarifaço de Trump: Alckmin entra hoje no terceiro dia de conversas com setores afetados
– Há uma cadeia produtiva dependente dos nossos produtos.
O presidente da Abrafrutas elogiou o papel do vice-presidente Geraldo Alckmin na coordenação das reuniões, destacou a sua experiência, o fato de não ter sido falado em política durante a reunião feita com os representantes do agro. O balanço da reunião, diz, foi muito positivo.
- – Todos foram ouvidos, não houve tempo estabelecido para as falas, nenhum levantar de voz. A palavra que resume é diálogo. O governo está atuando com a diplomacia e os representantes dos setores com o mercado, numa ação articulada