São treze, não treze seres tão somente. Não treze um número tão somente. Treze de sorte, treze de não sorte. Sabe-se que são, rigorosamente, treze. Treze salários, 13 X 12 = 156 assessores e salários. E uma cidade-naçã contando com esses treze ou uma qualquer fração deles, dia e noite dos quatro anos de mandato. Trezinhos vereadores. Exma. Câmara Municipal de Juazeiro, ei-la.
Me acompanhe nesse paradigma: Um vereador VER A DOR? E treze vereadores VEREM AS DORES?
É, leitor de volta às minhas letras, num é né? Nas minhas resígneas, respondo: VEREM SIM. E com muitos bons olhos, óculos, lentes.
O certo mesmo é verem ou vêem?
O certo mesmo, leitor gramático, é que não estão nem aí. Nadinha de nadicas. Ora, ora, pergunta a finada Maria Pezinho, e por que não? João Doido acerta na mosca: por que não sentem as mesmas dores. Nem eles, nem os seus e nem as suas negas. Sim, senhor. Pode ter exceção. Tudo é possível.
Algumas dores que o povo da nossa cidade-naçã Juazeiro: a dor da humilhação e vergonha (tem cidade vizinha rindo que chora), a dor da fome, da falta de moradia, da segurança, do desemprego, da má escolaridade, da má política, da desesperança, tanta dor dá dó, é dor de lascar o cano!
A Câmara Municipal conta com treze vereadores, cinco da oposição, oito da situação. À direita da mesa, à oposição. À esquerda, a situação. Separa-as um muro de Berlim. Trocas de desaforos, palavrões, frases de efeito, xingamentos, alusões esdrúxulas às famílias, aos grupos políticos, ao passado, e até encerramento precoce e saídas cinematográficas das sessões. Tudo aos holofotes da imprensa, da mídia, dos boca-a-boca. Um show.
Empalitozados iguais pingüins, são lindos eles. Se acham. A cada sessão um dever cumprido. Faz parecer cada vez mais que foram candidatos não ao cargo de representantes do povo da cidade-naçã, mas, ao gordo salário e suas benesses. Dever cumprido, bons profissionais que são nisso.
Não fazem nada de concreto, é a verdade. A oposição, minoria, grita, esperneia, corre atrás de buracos nas ruas, luzes apagadas, lixos nos chãos, postes caídos, galerias entupidas, xinga, faz cara feia e, retorcendo-se satisfeita, vai para casa peidando. Não dá para aprovar nada mesmo. A situação, fazendo de conta que não existe oposição séria, encena gritinhos, faz teatrinhos, muda de partido, é só sorrisos, aprovando tudo o que vier do chefe divino de cima. Às vezes não dar-se nem ao trabalho de lê. Afinal, chefe é chefe. Né mesmo?
Danou-se foi tudo na cidade-naçã, amigo leitor, danou-se. Só não danou-se as dores do seu povo. É no trânsito, é no transporte coletivo, é na feira livre, é no aumento do SAAE, é na falta de São João e carnaval, é na falta de remédios pros diabéticos, é… é… é… haja és!
E a Câmara Municipal dos treze de Juazeiro, o que faz? Os treze vereadores é um coro só de defesa! Defendem-na e defendem-se como podem. Acham-na sua casa, horda de um trabalho prazeroso.Têm por ela verdadeira adoração como a um paraíso. Sair?! Nem pro céu. Afinal, o céu tem endereço: Casa Aprígio Duarte. A verdadeira Santa Casa de Misericórdia de Juazeiro.
E ficam retados por terem tantos sacanas invejosos de olho nos seus assentos e gabinetes, secando-os. Pois sim, que procurem outra lavagem de roupa que essa já tem dono! Rosnam, com raiva.
Agora, leitor eleitor, uma coisa tá na contramão da história, não era para o povo que, pelo seu voto, formou essa bendita Câmara Municipal de Juazeiro, defendê-la?
Qual o quê! O que o quê! O quê o quê o quê!!!
Quem é doido de defender uma Câmara de Vereadores que pegou uma cidade em frangalhos com tantos problemas, puxando uma cachorra e, em todo esse tempo, nada fez se não deixá-la ainda pior, entregue a um desfuturo, a motivo de chacotas, e uma cachorra lhe puxando?
Ri, Câmara, ri.
Certo que dos trezinhos, alguns edis salvam-se por tentarem, vez por outra, modificarem esse quadro horripilante e sinistro, mas terminam ou vencidos ou convencidos a desistirem. Ficando tão somente o estigma da oposição dos cinco. Enquanto isso, os oito maiorais adoram e são presenteados pelo chefe supremo. Funciona assim.
Culpa do povo. Ô povinho esse da cidade-naçã Juazeiro, que não sabe votar. Só vota para se f… desculpe, “sofrer”.
Se preocupem, vereadores, nada é eterno. Barbas de molho, aproveitem as últimas lambujas, os dias contados.
Um… dois… três!
Queira-se que caiam fora de uma vez!
Pelo bem do povo da nossa cidade-naçã.
Otoniel Gondim – Professor, Escritor e Compositor