DOENÇA PINGUCEIRA!

*Cor. Geraldo Dias

Você, por acaso, conhece um sujeito entrão, queixão, que se chama Labirintite? Não”? Pois bem, trata-se de pilantra chato, porrista, bêbedo e que vive “comendo água” em balcão de quinta categoria, pelas ruas ou em “casa de alívio mental” (brega). Corra às léguas desse troço cavernoso, cachaceiro.
Esse tal de Labirintite, ébrio que se “banha”, se julga importante por estar seu nome em diversas situações; um metido a porreta que deixa o indivíduo tonto, completamente sem direção. Conjunto das partes que compõem o ouvido interno (vestíbulo, cóclea, canais semicirculares).
Engalana-se por aparentar deter poderes mágicos, visto que consegue expor o cidadão ao ridículo com seus empurrões para lá e para cá, como se aquele bêbedo estivesse. Caminhos entrecruzados e entrelaçados de difícil saída.
A propósito, no dia quatro deste mês de dezembro, atendendo a convite do colega e amigo, Coronel Manoel Messias, Comandante do 9º Grupamento de Bombeiro Militar, onde haveria uma solenidade em homenagem a Santa Bárbara, padroeira dos Bombeiros, iniciando-se com a celebração da missa, em que se fizeram presentes o Coral Água Viva e a Banda de Música do 3º Batalhão. Seguiu-se uma solenidade em que muitos convidados foram recebidos com plena satisfação pelo Comandante Messias, demais oficiais e praças.
Atendendo a convite do Comandante, assomei à tribuna para pronunciar discurso em homenagem à santa guerreira fiel a Jesus até a morte e padroeira dos heróis do fogo. Esses abnegados soldados sacrificam a própria vida para salvar vidas, e mesmo cumprindo tarefa nobilitante são mal recompensados pelos governantes.
Esforcei-me no discurso para bem agradar a protetora dos Combatentes do Fogo, sobretudo, por se tratar de uma Santa que nos livra dos raios e das tempestades. Naquele dia o Sol estava inusitadamente quente como fogo, o que se justifica por ser seu dia votivo.
Talvez, por eu não ter falado do sincretismo religioso durante o discurso, fato é que desci da tribuna, sentindo o corpo rodar e a cabeça em terremoto. Será que Oiá (também chamada de Iansã) quer me dar uma pisa, por quê? O Barravento – ansiedade antes da chegada do Orixá – me pegou de tal modo que perdi o equilíbrio e eu rodava que nem pião.
Supliquei a Xangô (Rei dos astros, do trovão, Orixá da Justiça e marido de Oiá) que intercedesse por mim, pois na minha cabeça foi plantado abalo sísmico! Também bradei a todo pulmão a saudação de minha Iansã: Epa hein! Em seguida rezei uma oração à querida mãe dos valentes heróis do fogo: 
“Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões não me abale a coragem e a bravura.”
Mesmo com o “terremoto giratório” grudado a minha cabeça, esperei que um amigo se servisse do Amalá (Caruru) e logo pedi Malembé (Misericórdia) a Oiá e que ela tomasse à frente do meu carro até o hospital, onde passei por cuidados médicos em caráter de emergência.
Resolvi saber através do Ifá (Deus nagô da adivinhação, jogo dos búzios) e me responderam que os Ibejjis (Irmãos gêmeos Cosme e Damião, que fizeram uma brincadeira de meninos, comigo, por eu não ter mencionado, quando do meu discurso, os nomes deles, tampouco ter pedido uma quartinha do Amalá para eles.
Afinal, recebi um bêbedo chato, cachaceiro, sujeito porrista que se chama Labirintite. Pinguceiro que atormenta o infausto, fazendo-o ver o mundo de cabeça para baixo e para cima, ao mesmo tempo, sem a mínima piedade.

*Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR – Bel. em Direito – Membro da Academia Juazeirense de Letras – Escritor – Cronista – Membro da ABI/Seccional Norte.


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