A estação chuvosa na região ocorre entre os meses de outubro e abril e este tem sido um ano típico, com ocorrência das primeiras chuvas já em outubro. O coordenador do LabMet e professor do Colegiado de Engenharia Agrícola da Univasf, Mário de Miranda, esclarece que a média pluviométrica de janeiro nos últimos 40 anos é de 58 milímetros. “Desde o início desta estação chuvosa, em outubro de 2019, até o final de janeiro, já tivemos 199,2 milímetros de chuva em Juazeiro e 104,6 milímetros em Petrolina, o que pode ser considerado um bom volume para a época”, diz Miranda.
A formação de nuvens sobre a região nas últimas semanas também favoreceu uma redução nas temperaturas, deixando o clima mais ameno. Apesar das temperaturas mais brandas, que variam entre 20˚C pela manhã e 33˚C no meio da tarde, ainda é comum a sensação de clima abafado devido ao aumento da umidade do ar e ao consequente aumento da evaporação. “Com a radiação solar, a água que está mais presente na atmosfera evapora e se condensa na forma de nuvens, que permanecem sobre a região dando a sensação de clima abafado”, explica o meteorologista.
A medição pluviométrica é feita na região desde 1910, naquela época realizada pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). A Univasf passou a fazer o acompanhamento das medições a partir de abril de 2007, com a criação do LabMet. De acordo com Miranda, a partir do registro histórico de pluviometria já realizado é possível acompanhar a evolução das chuvas e dos fenômenos climatológicos na região.
Ele conta que o ano mais chuvoso da série histórica de 100 anos foi 1985, quando foram registrados 1.059,6 milímetros em Juazeiro e 1.023,5 milímetros em Petrolina. “Muitas pessoas pensam que o ano mais chuvoso foi 2004, quando houve fortes chuvas, mais concentradas nos meses de janeiro e fevereiro, que causaram a enchente do rio São Francisco”, comenta Miranda. Em 2004, Petrolina registrou o maior índice pluviométrico da história no mês de janeiro, com 451,3 milímetros de chuva e Juazeiro 553,3 milímetros, segundo dados da Embrapa Semiárido.
Nos últimos anos, o comportamento pluviométrico tem estado dentro da normalidade, conforme o professor Mário de Miranda. “A natureza apresenta um ciclo médio de 13 anos em relação à ocorrência de chuvas no Semiárido. São geralmente 5 a 6 anos com chuva abaixo da média, seguidos por dois a três anos com chuvas dentro da média esperada e outros 4 a 5 anos com índice de precipitação acima da média”, explica.