VEREADOR DE PETROLINA DIZ QUE ADOLESCENTE “MORREU A MÍNGUA” NO HOSPITAL DOM MALAM/IMIP

por Karine Paixão/GR-FM

A morte no Hospital Dom Malan de Miliam Carvalho da Silva, 15 anos, grávida de cinco meses acendeu mais uma vez o alerta sobre o atendimento prestado na unidade que está constantemente superlotado e absorve de forma precária a demanda de mais 50 municípios de Pernambuco e da Bahia na chamada rede PEBA de regulação de pacientes. A adolescente, segundo relato de familiares, deu entrada na unidade no último domingo (29) por suspeita de início de aborto, perdeu muito líquido e tinha uma gestação de risco.

Ainda de acordo com a denúncia, o bebê da adolescente chegou com vida a unidade de saúde, mas morreu dentro da barriga da mãe horas após o internamento. Miliam Carvalho, com o agravamento do quadro, teria adquirido uma infecção dentro do hospital, o levou a paciente a veio a óbito na manhã desta quarta-feira (02). A família relata que ela foi mais uma a ficar sentada numa cadeira a espera de um leito mesmo com o quadro de aborto em andamento.

Ao ouvirem a notícia na edição desta quinta-feira (03) do Programa Nossa Voz, os ouvintes demonstraram sua indignação e reforçaram relatos de maus tratos sofridos durante a busca de atendimento no Dom Malan.

“Eu também estou gestante e um tempo desse fui ao hospital Imip e só não fui mais mal tratada porque minha mãe estava comigo e ela não deixou. Mas tanto as enfermeiras quanto os porteiros, se você não ficar em cima eles deixam morrer. Tinha gente sentado no chão, mulheres com começo de aborto, sentada no chão, eles tratando mal, iam lá falar e não queriam nem saber. Diziam que não tinham nem equipamento. Uma coisa para trocar o soro eles diziam que não tinham. É uma coisa errada o descaso que eles fazem com as pessoas. Só porque me formei em enfermagem ou sou médico vou tratar mal as pessoas? Não. Só porque sou porteiro vou tratar os outros mal? Também não. Tem que tratar todos iguais. A humanidade merece uma saúde melhor”, destacou Maria Isabel Cristina Martins, moradora do Jardim Petrópolis.

Irmanados com a dor da família de Miliam Carvalho, lideranças comunitárias de Petrolina estão organizando uma manifestação em frente ao Hospital Dom Malan. Segundo Juarez Luiz da Silva, morador do João de Deus é necessário repetir a mesma comoção destinada a vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro. “Convidar toda a Petrolina para a gente estar dia 10 às, 7h da manhã estar em frente a esse hospital que está ceifando vidas. O que me deixa triste é que no caso daquela vereadora (Marielle Franco – RJ) o Brasil todo ficou solidário, em Petrolina está acontecendo isso quase todos os dias. Não é primeira vez que eu escuto nesse programa. Isso passa despercebido. É uma criança, morreram as duas crianças, porque uma menina de 15 anos foi dar luz ao filho e perderam os dois. O IMIP tem que se explicar, são vidas sendo ceifadas e ninguém faz nada”.

Sentindo-se convocado pela população, o presidente da Comissão de Saúde, vereador Gilberto Melo  ao participar do programa Nossa Voz revelou que não acredita na falta de recursos como entreve na  garantia do melhor atendimento para a população. “Estive na semana passada numa reunião com a administração do IMIP, onde o administrador, dr. Etiel apresentou muitos dados, mas não me convenceu. Eles ganham muito dinheiro, mais de R$ 5 milhões para fazer parte em só para isso. O Hospital de Traumas cuida de fraturas e recebe menos da metade. Então eles deveriam ter um melhor atendimento para as mães que vão ter criança no Hospital Dom Malan, não deixá-las na cadeira como foi a situação dessa jovem”.

Como providências a serem adotadas pela Comissão de Saúde, o parlamentar revelou que além do aconselhamento a família, haverá o envio de um relatório ao Cremepe. “ Frequentemente há esse clamor, as mães vão lá para ter filhos e passam de cinco a seis para ganhar seu bebê. Então por isso que estão acontecendo essas mortes”.

Antes de morrer, Miliam passou a ter febre e sentia muitas dores e queixou-se da situação para os profissionais de plantão. Na manhã de ontem (02) ela teve  uma parada cardíaca e não resistiu. A família alega negligência no atendimento prestado pelo hospital porque a menor relatava as dores que sentia e foram realizados procedimentos relacionados apenas a indução do parto do bebê morto em sua barriga

O vereador Gilberto Melo concorda. “Pelo relato que ouvi dessa jovem, foi negligência porque chegou lá uma jovem com 15 anos com uma gravidez de risco, sentindo muitas dores, passaram dois dias sentada numa cadeira? O Hospital tem que se responsabilizar por isso. A jovem estava quase morrendo e disseram que o médico questionou porque não a levavam para um hospital particular. Precisa apurar a conduta desse médico, se disse realmente ele precisa responder. Essa jovem morreu lá dentro do hospital e eles estão lá para tratar bem os pacientes.

Nós vamos tomar todas as providências sobre isso, estou lá apurando todos os casos que acontecem no Dom Malan. A gente tem recebido muita reclamação. Então a administração do hospital, é muito fácil mandar nota, agora esclarecer os fatos, porque ela morreu? Se ela passou dois dias dentro do hospital numa cadeira, sem ter uma cama para ficar essa jovem ficar deitada. E só foram fazer um ultrassom dois dias depois. Então por que essa jovem morreu? Morreu a míngua, então a gente precisa apurar esses fatos”.