LEGADO PROBO DE UM PREFEITO

Diário da Região, 15 de outubro de 2003 

Não obstante o juízo negativo que normalmente se faz dos políticos brasileiros, a regra do bom-senso recomenda não se tomar o processo dedutível pelo indutivo, ou melhor, aceitar o geral pelo particular.
É inconteste que o perfil dos políticos, com suas poucas e honrosas exceções, é visto com restrições pelos eleitores e pela própria sociedade, sendo aqueles taxados de demagogos, mentirosos e improbo que visam o cargo como uma maneira fácil de locupletar-se com o dinheiro público. Outros vêem os políticos como insidiosos e traiçoeiros que dificilmente pensam no bem comum, preocupando-se exclusivamente em construir bens patrimoniais para si e seus familiares.
A inércia moral, a incúria e o desleixo para com a coisa pública justificam o repúdio dos eleitores e da sociedade civil. Os exemplos escabrosos de certos políticos deixam hoje os eleitores sem qualquer ânimo para ir a urnas, e muito menos disposição para defender alguns candidatos a cargo eletivo, com receio de uma decepção futura que venha a ser profundamente desagradável.
As escâncaras da malversação, isto é, o desvio de fundos do tesouro público e a tomada de procedimentos aéticos de certos gestores políticos, bem como de parlamentares envolvidos em escândalos de repercussão nacional. Exemplos de prefeitos e ex-prefeitos autores de peculato, conforme os Tribunais de Contas e Controladoria da República provocam a desconfiança dos eleitores em saber em quem confiar com esperança o seu voto para representá-los.
Confiamos que a Controladoria seja um órgão fiscalizador e imparcial a fim de que tenhamos a certeza de que serão banidos da vida pública os elementos perniciosos. Essa pecha tem as suas devidas exceções, pois, há homens que realmente merecem crédito, respeito e que são capacitados para bem representar seus eleitores.
O sinal de sujeira que ainda existe no meio político pode ser removido pelos próprios eleitores, escolhidos que serão realmente com o máximo de cuidado possível para que mais tarde não haja arrependimento ou vergonha na escolha, desse ou daquele político. 
Na esteira política nacional já tivemos inúmeros representantes de comportamento ilibado; homens de valor expressivo, competentes, inteligentes cultos. Políticos que sempre cuidaram com esmero o bem comum, principalmente do erário público. Homens de mãos limpas e honradas que fizeram história com dignidade e firmeza moral em seus atos, visando tão-somente o bem estar da coletividade.
Em passado longínquo, a Bahia foi muito bem representada por políticos de dignidade e honra que jamais deixaram mácula em sua trajetória política, sempre límpida e invejável a qual deu orgulho não somente aos baianos, mas a todos os brasileiros. Temos por exemplo notáveis políticos jamais poderíamos esquecer: Octavio Mangabeira, Ruy Barbosa, João Mangabeira, Tacilo Vieira de Melo, todos de uma eloqüência admirável, Antonio Balbino de Carvalho e outros preclaros, que nos deixaram um legado nobilitante e honrado.
Particularmente, aqui em nossa Juazeiro, também em passado remoto tivemos ilustres gestores da municipalidade, como sendo Durval Barbosa da Cunha, em cuja gestão eu tive a honra de exercer o cargo de Delegado de Polícia enquanto perdurou seu mandato. Homem de fibra, honrado, honesto, trabalhador que deixou importantíssimas obras nesta terra, feitas exclusivamente com recursos próprios da prefeitura. Cidadão que sempre respeitou os direitos dos munícipes e igualmente o nobre ofício da autoridade policial, jamais tendo feito qualquer pedido imoral ou insolente que viesse a ferir os brios da autoridade, ensejando a prevaricação.
Durval Barbosa deixou um legado que brilha e enaltece não somente os seus filhos e netos, mas, também, a cidade de Juazeiro, sendo o referido legado modelo e espelho que deve ser seguido por todos que representam ou pretendem representar o povo.

*Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR, cronista e bel. em Direito.

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