AP – O Promotor de Justiça de Petrolina, Carlan Carlo da Silva, falou pela primeira vez sobre o caso Beatriz. A garota Beatriz Mota foi assassinada a facadas há mais de 100 dias durante a solenidade de formatura das turmas de terceiro ano do colégio Maria Auxiliadora, em Petrolina, no ano passado.
A Polícia Civil divulgou um retrato falado de um possível suspeito, mas, até o momento, ninguém foi preso. A população já realizou alguns protestos tanto em Petrolina, quanto em Juazeiro, na Bahia, para tentar pressionar as autoridades por justiça.
Andamento dos trabalhos
Diante do fato, o promotor Carlan Carlo da Silva, esclareceu qual seria o papel do Ministério Público no caso de Beatriz. “O procedimento de investigação é conduzido pela autoridade policial que é quem tem a atribuição precípua, só em alguns casos especiais é que MP conduziria o procedimento, mas toda investigação é de certa forma acompanhada pelo MP, todo pedido de prisão, de qualquer eventualidade no meio dessa investigação tem a participação do MP e também muitas vezes do Poder Judiciário”.
Procedimentos
Questionado se o mesmo teria tido acesso aos autos do crime no primeiro momento. “Ainda estavam sendo ouvidas possíveis testemunhas e coletadas as primeiras provas. Então, ainda não havia uma formalização, quer dizer, já havia a portaria de início do procedimento, mas ainda não havia autos constituídos adequadamente para que possibilitasse o acesso, então o que eu pude fazer foi acompanhar em parte algumas parcelas das oitivas, mas deixei a condução para quem de direito, para quem tem a atribuição naquele momento que era a Polícia Civil”.
Carlan Carlo disse ainda que o MP tem acompanhado o caso mais de perto. “A gente já realizou, inclusive, visita no local e fizemos contatos com peritos, tivemos várias reuniões com os delegados que conduziram o caso e também com peritos que também atuaram no caso para formar opinião e que nessas oportunidades o MP, sugeri algumas providências que a polícia ficou de realizar”.
Sobre algumas interrogações que se referem ao dia do crime, de que o local não teria sido isolado devidamente. “Isso terminou por desrespeitar a cena do crime, o que pode ter prejudicado o trabalho da policia cientifica”.
Polícia Técnica com dificuldade
Ainda assim, Carlan Carlo afirmou as dificuldades enfrentadas pela Polícia Técnica. “Faz anos que estou aqui, sou testemunho e nós tivemos reuniões aqui com o Instituto de Criminalística – IC e o Instituto Medicina Legal – IML em que por várias vezes foi colocado a falta de recurso e a falta de recursos humanos e materiais da polícia para cumprimento das atribuições.”
Hipótese
Ele acredita que o crime pode ter sido premeditado com objetivo de atingir não só a família como algo mais relevante. “Há as duas possibilidades: a primeiro da criança ser membro da escola, ser filha de um professor da própria escola. A outra de atingir a própria escola, a igreja católica e a sociedade”.
Ainda assim, o promotor disse que durante o crime pode ter o envolvimento de uma segunda pessoa. “É uma hipótese difícil (…) Há uma possibilidade séria que haja a participação de mais de uma pessoa”.
Ajuda
Por outro lado, ele pediu mais paciência à sociedade. “O Ministério Público tem a função de acompanhar a investigação, mas jamais nesse acompanhamento pode prejudicá-la, no momento de coleta de provas, no momento de investigação”, e ele pede cautela por parte da imprensa, “uma informação lançada na imprensa pode comprometer a investigação”.
No aguardo
O Promotor relatou que até o momento não houve nenhuma representação pela prisão de ninguém por conta que ainda não se tem indício suficiente de autoria. “Embora tenha materialidade, pois o crime ocorreu para autorizar a prisão de ninguém e como o ato de cerceamento de liberdade de alguém é um ato gravíssimo, uma pessoa acaso presa por um delito de tamanha envergadura, terá todo seu arcabouço moral ético completamente comprometido e as suas relações pessoais, essa é uma providência grave e que só deve ser tomada apenas quando estritamente necessário e indícios fortes de autoria para se tomar uma medida dessa envergadura”.
Durante coletiva na manhã desta terça-feira, o delegado responsável pelas investigações, Marceone Ferreira Jacinto afirmou que “A execução do crime ocorreu em outro local da escola, a criança foi transportada e jogada dentro do depósito”.
