O interesse pelas causas ambientais aliado ao desejo de conhecer e explorar as belezas naturais inseridas nos municípios que fazem parte da área de atuação da 6ª superintendência regional da Codevasf foi o que motivou um pequeno grupo de funcionários da empresa a realizar uma expedição particular na cidade de Jeremoabo, no nordeste da Bahia.
Os analistas em desenvolvimento regional André Lima Knifis, Belquior Scalzer Carlini e Bruno Gonçalves da Rocha (fotógrafo), acamparam durante os dias 13 a 15 de março, na Área de Preservação Ambiental (APA) Serra Branca, Unidade de Conservação integrante da área importante para preservação de aves ?Raso da Catarina?.
O local abriga espécies ameaçadas de extinção, com distribuição geográfica restrita e endêmica do bioma Caatinga, como a Arara-Azul-de-Lear. A área é rica em Psitacídeos, como a Maracanã Verdadeira, o Papagaio Verdadeiro, a Aratinga-de-Testa-Azul, o Tuim e o Periquito da Caatinga.
Para André Lima Knifis a região do Raso da Catarina possui um grande potencial ecoturístico, pois além da exuberante paisagem, conta com uma rara e rica biodiversidade. ?A conservação e a utilização sustentável deste patrimônio passará obrigatoriamente pela melhoria da qualidade de vida da população local, que poderia receber maior conscientização, formação profissional e subsídios para ampliar e melhorar o desenvolvimento da atividade ecoturística?, ressaltou.
Belquior Carlini conta que esse foi um dos locais que mais despertou interesse pra visitação. ?A gente gosta de observar as aves e como a região do Raso da Catarina é um dos locais de maior riqueza ornitológica daqui do semiárido, além de ter uma beleza cênica fantástica, com os paredões de arenito, foi o que levou a gente a ter curiosidade pela região?, disse.
Carlini destaca ainda a importância do Estado e de algumas organizações voltadas para a conservação da natureza que atuam na localidade. ?Eles são importantes nessa região para não deixar essas espécies como a Arara-Azul-de-Lear serem extintas. Então a gente fica muito feliz em ver que os programas de conservação estão dando resultado?.
A Arara-Azul-de-Lear encontrava-se até o ano de 2008 na categoria criticamente ameaçada, sendo incluída no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) e na Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA 2003). Após a verificação de que sua população havia alcançado o número de 960 indivíduos, foi considerada com espécie ?Em Perigo? de acordo com os critérios da CITES.
Segundo os membros da expedição o número de Araras azuis registradas em 1987 era de apenas 60, no entanto, com a implantação de programas de conservação e combate ao tráfico, esse número subiu para aproximadamente 1200 aves, nos dias atuais.
A Arara Azul e a Serra Branca | Raso da Catarina
A Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), espécie criticamente ameaçada de extinção, empresta a Unidade de Conservação Serra Branca / Raso da Catarina, um caráter singular, visto que os paredões de arenito da Serra Branca são utilizados como local de reprodução. Tradicionalmente, duas áreas atuam como dormitório das araras: a Toca Velha (patrimônio da Fundação Biodiversitas) em Canudos e a Serra Branca (propriedade particular, parte de uma fazenda que leva o mesmo nome, localizada na Unidade de Conservação).
O alimento principal desta espécie é o coco da palmeira Licuri, ainda encontrado na Unidade de Conservação, e, em menor quantidade, outros frutos da região como Pinhão, o Umbu e o Mucumã. Toda a área é coberta por vegetação de caatinga, composta por cactáceas, palmeiras, bromeliáceas e outras plantas xerófitas.
A Unidade de Conservação Serra Branca / Raso da Catarina, com 67.234 ha, localiza-se no município de Jeremoabo, no Nordeste da Bahia, exatamente na grande região denominada Raso da Catarina. A Unidade de Conservação está limitada ao sul pelo rio Vaza-Barris e ao norte pela Reserva Ecológica Raso da Catarina, administrada pelo IBAMA.
Ascom