Vinhos do Vale do São Francisco Brilham em Recife.

Paço Alfândega, às margens do Rio Capibaribe, uma bela construção de 1732, foi Porto de Recife durante a ocupação holandesa, Século XVIII. Nesta época, ostentou o diferencial de porto de maior movimentação das Américas. Posteriormente, durante quase um Século, abrigou os padres da Ordem de São Felipe Néri (Convento dos Oratorianos), e a partir de 1826, passou a funcionar como sede da Alfândega. A transferência do porto para beira mar, submeteu o prédio a diferentes utilizações, expondo-o a um ponto extremo de degradação.

Um audacioso projeto de restauração recuperou sua plasticidade arquitetônica, valorizando e preservando suas características originais. Atualmente história e vanguarda se compatibilizam preservando o patrimônio histórico e contribuindo para a revitalização do Bairro Recife Antigo.

Foi exatamente este santuário regado de História, religiosidade e cultura o palco escolhido para o Primeiro Festival de Vinhos: Sabores e Segredos. Um grandessíssimo evento promovido pelos estudantes do curso de Gestão de Turismo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPE) de Recife, ocorrido nos dias 1º e 2 de junho de 2012.

O intuito do evento foi promover os produtos elaborados nas vinícolas da região do Vale do São Francisco, região única no mundo com 3.500 horas de luz solar, em média, e através deles incorporar todo o universo vínico ao evento, altamente identificado com o local. Definitivamente a programação foi intensa, ocorrendo atividades simultâneas em diferentes pontos, onde profissionais de enoturismo, enogastronomia e vinhateiros se multiplicavam em ministrar palestras e oficinas.

A região foi representada pelas cidades pernambucanas de Lagoa Grande com os vinhos Bianchetti (Adega Bianchetti Tedesco) e vinhos Rio Sol (Vitivinícola Santa Maria); Santa Maria da Boa Vista com os vinhos Botticelli (Vinícola Vale do São Francisco) e a cidade baiana de Casa Nova com os vinhos Terranova (Vinícola Ouro Verde).

A grande Praça Central do Paço Alfândega, das 10h às 21h, nos dias do Festival, ficou pequena. Intelectuais, empreendedores, políticos, enófilos e amadores vínicos espremiam-se para deliciar-se com as diferentes degustações abertas, e tão importante, em adquirir os preciosos néctares ensolarados.

Um dos momentos mais excitantes foi a oficina de harmonização (apenas para os inscritos), onde o sommelier José Figueiredo ministrou a parte teórica de harmonização vínica com a palestra Harmonização: O casamento do duplo prazer, e o chef Robson Lustosa realizou a parte prática com a receita Mânchon de Pato da Mata ao perfume do Portal do Sol com Gratin de Batata Doce ao Morbier, divinamente produzida e apresentada junto com a sua equipe do SENAC. A compatibilização, um casamento perfeito, foi realizada com o vinho Bianchetti Cabernet Sauvignon 2009, um tinto frutado, uma verdadeira explosão de aromas. Bem estruturado, seus taninos mesmo jovem se harmonizaram perfeitamente bem com o pato envolvido pelo denso e agradabilíssimo molho de vinho tinto Portal do Sol.

*José Figueiredo – Sommelier

Autor e apresentador do vídeo documentário Vinhos Brasileiros de Qualidade (ilimitada) e autor do livro Ensolarado Sertão, Magníficos Vinhos (Franciscana)


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