O pedido de patente do produto tecnológico foi depositado em 2017 em co-titularidade com a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os inventores são os professores da Univasf Helinando Pequeno de Oliveira, do Colegiado de Engenharia Elétrica (Cenel); Erlon Rabelo Cordeiro, do Colegiado de Engenharia Mecânica (Cenmec); Mateus Matiuzzi da Costa, do Colegiado de Medicina Veterinária (CMVet); e do pesquisador da UFBA Marcio Luis Ferreira Nascimento.
A criação é fruto da pesquisa de doutorado de Cordeiro no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial (PEI) da UFBA, com orientação de Nascimento e Oliveira. O estudo foi desenvolvido nos laboratórios de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (Leimo), de Microbiologia e Imunologia Animal e de Ensaios Mecânicos da Univasf.
A tinta orgânica criada pelos pesquisadores é constituída de um revestimento composto por polipirrol, um polímero orgânico condutor, biofilme de bactéria Staphylococcus aureus e resina poliéster. O polipirrol foi empregado como substrato para a formação de um filme bacteriano de S. aureus sobre a superfície de aço de baixo teor de carbono. Isto permitiu combinar a elevada condutividade e porosidade do polipirrol com a capacidade natural de adsorção de biofilmes na superfície polimérica, resultando em um revestimento com boa resistência à corrosão durante testes de imersão em solução de 3,5% de cloreto de sódio.
Substrato recoberto com PPy. |
“Quando estruturas metálicas de construções ou de meios de transporte são atacadas pela corrosão, que muitas vezes não pode ser acompanhada a olho nu, podem ocorrer rupturas inesperadas em seus conjuntos. Isto, com certeza, exigirá parada da utilização do serviço para suas recuperações. A ideia da tinta é proteger o metal, mais especificamente o aço, desse processo degenerativo”, explica Erlon Cordeiro.
O docente considera que a concessão da carta patente representa o reconhecimento da relevância da pesquisa e de sua potencialidade. “Ter os resultados do nosso trabalho validados por uma instituição de abrangência mundial representa que a ideia da linha de pesquisa é promissora e que contribui para a solução de um problema que ataca principalmente países em desenvolvimento de infraestrutura e industrial”, afirma.
O professor Mateus Matiuzzi, que atuou na área de microbiologia da pesquisa, também salienta a importância da invenção e os benefícios que ela pode trazer, principalmente em relação à preservação do meio ambiente. “A tinta é uma alternativa biológica que pode se tornar uma alternativa para reduzir os impactos ambientais dos produtos químicos. O crescimento bacteriano na forma de um biofilme cria uma camada de proteção sobre as peças, que impede danos e oxidação, aumentando o tempo de vida das peças sem grandes impactos à natureza, colaborando desta forma para a preservação do meio ambiente”, diz.
Helinando Oliveira ressalta a importância da concessão de mais uma carta patente para a Univasf por representar a oportunidade de efetivar a transferência de tecnologia na instituição. “Garantimos o direito de exploração do produto e a possibilidade de iniciar transferência de tecnologia de uma maneira mais eficiente. Então, isto é muito importante para que a Univasf possa agora consolidar as patentes depositadas e começar a fazer efetivamente transferência de tecnologia”, enfatiza.