Osvaldo Coelho: o semi árido é discriminado pelos governos

 

Na entrevista concedida ao BlogQSP, o ex-deputado federal Osvaldo Coelho falou de diversos elementos que compõem a desigualdade regional no Brasil, dentre eles a taxa de juros agrícola, que, assim como os prazos, são os mesmos entre o nordeste e o sul. “Lá são feitas duas safras. Já no semi-árido, o produtor toma um empréstimo de dez anos e só colhe em três, e muito pouco. Os juros no semi-árido não podem ser diferentes de zero, se quisermos uma nação justa. Se não, pode continuar do jeito que está”, disse.

Osvaldo comentou que existem, no Brasil, regiões muito ricas, prósperas, mas dentre elas não está o semi-árido, onde relatou que os problemas relativos a esta parte do nordeste não foram enfrentados por quem devia enfrentá-los. Para ele, a questão é política do estado brasileiro. “A união não pode aceitar uma nação como a brasileira ser constituída de poucos ricos e muitos pobres. Isso é incompatível com as noções de democracia e de federação”, diz. O político ainda complementa argumentando que a idéia de “federação significa estados que se unem para o bem comum de todos. Se eles se unem, não há muitos pobres. Isso passa por reformas políticas e outros caminhos ainda não percorridos”, explica.

O ex-deputado citou dados preocupantes do IBGE para o semi-árido, onde ele citou que a expectativa é de 58 anos, já a do Brasil é de 70, e no cone-sul, já passa deste último número. Segundo Osvaldo Coelho, a renda anual no semi-árido é de cerca de 3 mil reais, no nordeste, é de 4 mil, e a nacional, 13 mil. “Essas coisas não podem ser mais toleradas. Nós vivemos aqui muito conformados com a pobreza”, argumentou.

Já no tocante á pobreza, no Brasil, 33% da população poderia ser considerada como pobres. No semi-árido, segundo Osvaldo, são 64%. Para ele, o fator pode ser justificado pela representação política da região no âmbito nacional. “Em Pernambuco, são 25 deputados, entre estaduais e federais, e 3 senadores. Possivelmente quase todos deixaram o umbigo enterrado por lá”, comentou.

O político relatou que a questão política não está apenas relacionada a quantidade na câmara, mas também do empenho dos representantes junto as câmaras estadual e federal. “Ás vezes os deputados da região não são comprometidos com a qualidade de vida do nosso povo”, disse.

Entrevista/fotos:Farnesio Silva
Texto:Raoni Santos (Estagiário)

 

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