João Paulo não basta. O objetivo é José Dirceu

 

João Paulo não basta. O objetivo é José Dirceu 

247 – João Paulo Cunha já sabe que será preso. Chora há quatro dias e quatro noites e prepara sua família para a temporada que viverá atrás das grades – na melhor das hipóteses, em regime semiaberto, dormindo num presídio. Com o julgamento da Ação Penal 470, o Supremo Tribunal Federal inaugura uma nova era no Brasil. Crimes de corrupção no setor público serão punidos sem a necessidade de comprovações cabais e definitivas – indícios e provas tênues serão aceitos pelos ministros, numa postura mais elástica do STF.

É esta a nova realidade registrada na capa deste fim de semana da revista Veja, que traz o título “Até que enfim”, a imagem de um corrupto atrás das grades e a informação de que o Brasil estaria, agora, reencontrando seu rumo ético e voltando a saber a distinguir o certo do errado.

A nova postura do STF irá gerar debates acalorados entre criminalistas sobre o divisor de águas no Poder Judiciário. Antes do mensalão, o STF se comportava como guardião dos direitos individuais e era tido como mais “garantista”. A partir de agora, atendendo aos apelos da opinião pública – ou publicada – será mais punitivo. Ou seja: caberá aos réus demonstrar sua inocência e não aos acusadores comprovar a culpa.

A prisão de João Paulo Cunha, portanto, não deverá ser a última. E o objetivo maior é a detenção do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Assim, com o “capitão do time” do primeiro governo Lula encarcerado, será possível carimbar, no peito do presidente mais popular da história recente do País, a marca da corrupção.

 

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