Em Pernambuco terra de Lula, PSB mina PT e “flerta” até com PSDB

 

Fotos: ABr e Divulgação

Governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos converteu a disputa pela prefeitura de Recife numa espécie de laboratório de suas pretensões nacionais.

No plano federal, Campos se equipa para entrar na fila dos políticos aptos a disputar a Presidência da República. Na seara estadual, distancia-se do PT.

Com o apoio de Campos, o PT governa a capital pernambucana pelo terceiro mandato consecutivo. O prefeito atual chama-se João da Costa. Realiza uma administração que o próprio PT considera ruinosa. Coleciona altas taxas de rejeição nas pesquisas de opinião pública.

A despeito disso, João da Costa almeja a reeleição. Tomado pelas sondagens eleitorais internas do PT, vai às urnas de 2012 como uma derrota esperando para acontecer. Munido de pelo menos duas alternativas -o ex-prefeito João Paulo e o senador Humberto Costa-, o PT pernambucano se divide. O PT federal se apavora.

Campos utiliza a crise que convulsiona os subterrâneos de seu principal aliado como pretexto para empinar um projeto próprio. O governador levou às manchetes a ameaça de fazer do ministro pernambucano Fernando Bezerra (Integração Nacional) seu candidato à prefeitura de Recife.

Na superfície, alega que não pode ser escravo das divisões do PT. Abaixo da linha d´água, diz que apenas reage às investidas do petismo no interior do Estado. O PT prepara candidaturas próprias em municípios pernambucanos que o governador considera prioritários para o seu PSB.

Campos abespinhou-se sobretudo com as investidas do PT em três cidades. Uma se chama Ipojuca. Abriga o porto de Suape, alvo de vultosos investimentos públicos.

A outra é Petrolina, uma das mais desenvolvidas cidades do Estado. A terceira é Garanhuns, simbólica por ser o berço de Lula. Em reação, além de levar o ministro Bezerra às provetas de Recife, Campos incluiu no laboratório da capital uma inusitada mistura. Passou a flertar com o tucanato.

Em Pernambuco, o PSDB é controlado por Sérgio Guerra, deputado federal e presidente nacional da legenda.

Campos e Guerra são amigos. Cultivam relações que vão além das fronteiras da política. Os laços, que já eram próximos, estreitaram-se. Guerra atraiu para o PSDB um deputado estadual do PV, Daniel Coelho. Fará do neotucano candidato a prefeito de Recife. No PV, Daniel Coelho era o mais ardoroso opositor de Campos na Assembléia Legislativa. No PSDB, calibra o discurso, moderando-o.

O comando do PT rumina a suspeita de que Campos tricota com Guerra. Não se atreverá a fazer aliança com o PSDB. Mas estabeleceria uma parceria branca. Nessa fórmula, Campos manteria seu ministro em Brasília e evoluiria para o apoio formal a João da Costa, o petista com cara de derrota.

No paralelo, o governador se absteria de quebrar lanças contra Daniel Coelho, o tucano de plumagens novas.

Considerando-se que Campos desfruta de índices de aprovaçãoo que ultrapassam os 85%, sua neutralidade seria um grande negócio para o PSDB.

O PT assiste à movimentação da infantaria de Campos com o paiol em recesso. O petismo planejava usar Lula, sua principal arma, para alcançar a unidade.

Estava combinado que Lula desceria ao front de Recife para escantear João da Costa e acomodar no lugar dele um nome viável -João Paulo ou Humberto Costa. Súdito fiel de Lula, Campos não teria como se opor à articulação companheira. O problema é que, para desassossego do PT, o câncer na laringe retirou Lula de cena.

Por ora, o governador joga o seu jogo. Enfraquecendo o PT, Campos envenena o sonho do pseudoaliado de fazer o governador de Pernambuco em 2014. Achegando-se ao PSDB, Campos pavimenta a pretensão de tornar-se um jogador capaz de evoluir fora do cercadinho da aliança governista. O PT se espanta.

Blog do Josias

 

 

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