Márcio Didier/Editor do Blog da Folha
Mais do que a queda de três pontos percentuais, ou seja, fora da margem de erro, um item da nova pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial serve de alerta para a candidatura de Marina Silva (PSB). Desde a primeira pesquisa do instituto, publicado dois dias após a morte de Eduardo Campos, em agosto, o índice de rejeição à candidata dobrou. Pulou de 11% para 22%, no levantamento divulgado nesta sexta-feira (19). E não sem motivo.
Vidraça desde que entrou na disputa, com a morte de Eduardo, Marina está sendo bombardeada por todos os lados. Por cima, pela presidente Dilma Rousseff, que luta para tentar liquidar a disputa no primeiro turno, uma tarefa que beira o impossível. E por baixo, pelo tucano Aécio Neves, que tenta de todas as formas conquistar uma das duas vagas para o segundo turno, uma missão igualmente hercúlea.
Nas últimas semanas, ao invés de campanha, de apresentar a propostas, a candidata socialista só fez se explicar. Foi assim com as mudanças no seu programa de governo, quando retirou trechos que tratavam da questão LGBT; com o aluguel do avião que caiu e matou Eduardo; com as insinuações de que ela não respeitaria o acordo do pré-sal e que acabaria com o Bolsa Família. Por fim, as informações sobre o depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa envolvendo o nome do ex-governador em denúncias de corrupção na estatal.
Essa estratégia de apostar no medo existe desde que a campanha é campanha. Mas ganhou contornos mais firmes na disputa de 2002, quando a atriz Regina Duarte ocupou o espaço do PSDB e disse que tinha “medo” da vitória do ex-presidente Lula na disputa contra o tucano José Serra. Nas eleições de 2010, mais uma vez, o PSDB disseminou que a então candidata Dilma Rousseff seria a favor do aborto. A petista passou boa parte do segundo turno tendo que se explicar.
A novidade nesta eleição é a ação ostensiva do PT, inclusive da presidente Dilma, em atacar a adversária socialista. Até então, o PT era mais comedido nos ataques, até por ter sido o principal alvo de boatos nas disputas anteriores. Mas agora é o principal fornecedor de desgastes para Marina Silva.
Com muito pouco tempo na propaganda no rádio e TV e, consequentemente, pouquíssimas inserções, Marina faz o que pode para tentar virar a pauta. No entanto, os resultados das pesquisas mostram que os seus lances estão tendo menos efeito positivo do que a campanha negativa que os adversários estão promovendo.
