Deus e o Diabo no mundo virtual

Por Otoniel Gondim

O ENEM, exame Nacional do Ensino Médio, foi realizado há uma semana para milhões de estudantes que buscam um lugar ao sol no seleto grupo de futuros universitários. Eles mediram o seu conhecimento em provas caprichosamente bem feitas valorizando habilidades da leitura, escrita, interpretação, raciocínio. Um pé no traseiro de concursos arcaicos.

Pois bem, conectado leitor, o ENEM tomou partido, curvou-se, rendeu-se. Caiu bonitinho na REDE do novo espaço da escrita, da leitura, ilustração, relacionamentos: a INTERNET!

Nas recentes provas do ENEM nada mais que 15 questões pautaram-se na mídia eletrônica, evolução digital novo modelo tecnológico.

A mais temida e importante prova (no que tange ao peso avaliativo e a dificuldade), a REDAÇÃO, trouxe o titulo emblemático: VIVER EM REDE NO SÉCULO XXI: OS LIMITES ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO.

Meu caro, saiba dessa: A ONU incluiu o acesso à REDE um direito irrevogável do ser humano, fundamental tanto quanto ter saúde, educação e alimentação.

É osso! Ou carne de 1ª ?

O certo é que a exclusão digital já era, é carta fora no contexto da nova ordem mundial: Blog, email, twitter, site, orkut, facebook, home page, livro eletrônico, dimensões virtuais lá e cá não deixando saídas. Olha-se para um lado, para um outro. Pipocando, bombando. Cativante, viciante. Paixão incontrolável?

Infinita-se a REDE: a INTERNET veio para ficar!

Ordem do mundo virtual, físico, mental, espacial e com ela, leitura pouco reflexiva apoplexia, intra-cerebral, incapacidade organizacional atrofia do imaginário criativo, dores de cabeça, estresse, vista cansada, dores lombares e na bunda, insônia, falta de apetite, sedentarismo, obesidade, vicio por esforço robotizado e repetitivo, má postura corporal, falecimento da produção literária escrita, perda do calor humano e da amizade, da família, do sexo, da sociedade cultural orgânica… enjaulamento social, carcerário e penitenciário da mente e do corpo mesmo em plena vigência da liberdade plena.

Infinita-se a REDE: a INTERENT veio para ficar!

Calma.com, leitorzinho apressado. Vislumbremos luzes nas maquinas virtuais. Veja cibernético leitor, quanta coisa boa acoplada nos chips quânticos da REDE: sistema de ampliação no âmbito maior de pesquisas especifica e globais, facilidades nos envios protocolares e documentares, preservação segura de arquivos históricos – artísticos – culturais, melhoramentos e auxílios às ciências em todas as áreas, mapeamento do humano em si, entretenimentos múltiplos 24h disseminando inovações, idéias e entupindo frestas ociosas, comunicações interativas, promoção das proximidades físicas nas amizades virtuais.

Com isso, amável leitor ainda continua on line? O mundo virtual é ou não é a maravilhas das mil e umas maravilhas? Ou, pode ser a maldade cruel das mil e umas maldades. Esse todo maravilhamento eufórico, festeiro, pode ter conseqüências drásticas irreversíveis, e reparáveis. Com a teimosa ganância humana de sempre “entrar de sola” em tudo o que se aproxima sorridente, perfumado, escovado, bem vestido, falante, prazeroso e ainda gratuito, pode-se ter uma péssima colheita nesse plantio. Pragas não hão de faltar. Podemos, acredito, tirar vantagens belissimamente agradável, como também, afundarmo-nos num caos terrivelmente abismático.

Não há dúvidas, compenetrado leitor, de que não é retórica ou um simples jogo de cara ou coroa. São vidas e vidas humanas postas em xeque, de todas as idades, crenças, sexo, cores, classes sociais, tribos, nações e uma imensa REDE INTERNET nos “cubando”. Como cantava o mestre dos mares Dorival Caymmi ♫ ♫ “era só jogar a rede e puxar a rede…” ♫ ♫ .

Mas, eu Otoniel, você leitor, nós todos, e dai? E ai? Como lidar com essa celeuma?

SÓ O EQUILIBRIO, A RAZÃO, O AMOR, A UNIÃO COLETIVA ENTRE O CIDADÃO A LEI A CULTURA A ARTE A EDUCAÇÃO… CULMINAREMOS NUMA JUSTA PONDERAÇÃO.

Antes tarde, não nunca.

Conto uma coisa que sempre me cisma e chateia predileto amigo. É só falarem na “morte do livro escrito”. Quando perguntaram ao Criador – mor do mundo virtual, Bill Gates, se os seus filhos (então pequeninos) teriam computadores, ele simplesmente assim respondeu:

– Certamente. Mas, primeiro terão livros.

Lindo isso, não?!?

Se você, amante das letras, a frente do seu computador (mescla de humano e virtual) precisar, urgentemente, de um pouco de açúcar no cafezinho, a quem recorrer?

Ah, o vizinho.

Tá vendo lindos, os humanos nos salvam.


Otoniel Gondim é professor, escritor e compositor.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *