O menino que aos 12 anos ensinou o tio semianalfabeto a escrever o nome para preencher uma ficha de emprego já mostrava o talento para ensinar. Seguiu a intuição, entrou na faculdade de letras e para pagá-la aos 22 anos trabalhou como gari, varrendo as ruas de Diadema, no ABC, por mais de um ano. João Ailton de Oliveira Santos, de 33 anos, atua na rede pública do Estado de São Paulo e compõe o corpo docente da Escola Estadual José Fernando Abbud, em Diadema.
À noite, na faculdade só os amigos mais próximos sabiam do ofício de Santos. “Não falava muito porque sabia que haveria discriminação. Gari é um trabalhador fantasma, alguém invisível. A pessoa está do seu lado, joga um papel no chão e nem olha para você.”
O professor só deixou as vassouras quando conseguiu um estágio em um colégio no Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, onde estudou. De estagiário, passou a professor eventual – que cobre faltas dos docentes titulares – até ser aprovado em um concurso, em 2004, e seguir para a escola José Fernando Abbud, onde está até hoje. (Portal G1)