LULA TENTA CONVENCER WAGNER DE QUE O MELHOR CANDIDATO É GABRIELLI

Por Cristian Klein | De São Paulo

Ruy Baron/Valor / Ruy Baron/ValorEle conta com o apoio do padrinho político que todos gostariam de ter no PT: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, em sua movimentação para ser candidato ao governo da Bahia, o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirma que a benção do maior cabo eleitoral do país não é decisiva – pois o governador Jaques Wagner (PT) tem um nome preferido: o do secretário da Casa Civil Rui Costa. O que Lula tentará fazer é convencer Wagner de que ele, Gabrielli, seria a melhor opção.

“O Lula tem claramente uma simpatia [pela candidatura], mas não vai se meter na eleição interna na Bahia, e a [presidente] Dilma também não vai. O Lula tem interesse, mas não vai entrar numa disputa aberta com Wagner, vai tentar convencê-lo”, afirma Sérgio Gabrielli, em entrevista exclusiva ao Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor.

Assim como Rui Costa, Gabrielli também é secretário estadual de Jaques Wagner, na pasta de Planejamento. O petista afirma que a disputa interna pela indicação estaria bem dividida: dos quatro pré-candidatos, os três principais – ele, Costa e o senador Walter Pinheiro – teriam um terço das forças cada.

O equilíbrio seria tanto que, diz o ex-presidente da Petrobras, a situação requer um processo delicado de convencimento em que não cabe o confronto em prévias ou o atropelo de um padrinho político – seja Lula, Wagner ou a presidente Dilma Rousseff.

Gabrielli afirma que Lula não tem condições de emplacar seu nome na Bahia, como fez, por exemplo, no ano passado, com a indicação de Fernando Haddad para concorrer à prefeitura paulistana.

Em primeiro lugar, porque a definição não dependeria apenas do ex-presidente que, mesmo em São Paulo, diz, “escolheu [Haddad], mas não escolheu também”. “Se não tivesse o apoio interno do partido não teria escolhido. O problema é esse, é ter que convencer”, afirma.

Em segundo lugar, porque a Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do país e tem um governador eleito e reeleito, o que daria a Wagner prerrogativas no processo sucessório. Gabrielli aponta que a Bahia é a única grande unidade da Federação governada pelo PT, além do Rio Grande do Sul, onde, ressalta, Dilma “também não está se metendo”, embora a presidente tenha feito carreira no Estado.

O ex-presidente da Petrobras nega que lhe falte a simpatia de Dilma, em contraste com a preferência de Lula. “Não acho que tenha nem uma coisa nem outra. Nem eu não tenho o [apoio] da Dilma, nem eu tenho o do Lula”, disse, para logo emendar que o ex-presidente “tem claramente uma simpatia” por sua candidatura.

Gabrielli lembra que os quatro pré-candidatos – há ainda o ex-prefeito de Camaçari, Luiz Caetano – estão há seis meses se articulando. E que Lula, Dilma e Wagner são personagens importantíssimos na escolha, mas não são os únicos atores. “São dois nomes [Lula e Dilma] muito importantes, mas o PT é rebelde. O PT sempre foi rebelde. Os partidos aliados são importantes, a base do PT é importante”, afirma.

A rebeldia do PT, no entanto, ao que parece não é a mesma. Uma reunião do diretório estadual para tratar do assunto está marcada para sábado, dia 30. Ela ocorrerá depois do Processo de Eleições Diretas (PED), pelo qual o PT renovará a direção de todas as suas instâncias, da nacional às zonais, no próximo domingo, 10. O favorito na Bahia é Everaldo Anunciação, atual secretário de Organização da legenda. Anunciação recebeu o apoio dos pré-candidatos ao garantir neutralidade na disputa entre eles.

Com isso, cresce o peso do governador para desempatar o jogo a favor de seu preferido, Rui Costa. Gabrielli reconhece que Jaques Wagner tem um grande poder de barganha, uma vez que seu papel na reeleição de Dilma é estratégico. É o maior líder político no maior Estado governado pelo PT e localizado no Nordeste, onde Eduardo Campos (PSB), provável adversário de Dilma, tende a obter boa votação. A ideia é que uma larga vantagem na Bahia neutralize o desempenho de Campos em Pernambuco. Logo, desprestigiar Jaques Wagner não seria um bom negócio

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