ANTES DE MORRER!

*Geraldo Dias de Andrade

blogqsp.geraldoNo exato instante em que eu der o último suspiro nesta minha atribulada vida corroída pelo inferno da desgraça, deixem que se fechem minhas pálpebras sem resquício dessa vida telúrica, para não levar para o túmulo a imagem deste perdido mundo.

Por cima da cova rasa de minha última morada, edificada pelo pó de coisas materiais, quero a ausência de inscrição na campa, pois me basta apenas um modesto jazigo. Nas exéquias, desejo, sem prantos, a presença dos amigos em graça.

Descerei, então, ao sepulcro eterno ciente da devoração de meu corpo inerte por germes famintos, destruidores de carne de um pecador que trilhou e se contaminou nas pegadas deixadas pela humanidade desalmada e eivada de pecados.

Antes de morrer, porém, gostaria de ver meu País liberto das incúrias de um poder atroz e das garras das aves de rapina que deveriam ser lançadas na fornalha para se converterem em cinzas renegadas, e que, também, fossem apagadas as lágrimas de uma gente de face enrugada pela crueldade de cruéis falconídeos que, com suas garras, não se compadecem com o pranto alheio.

Insensíveis e falaciosos em profusão, eles assistem à dor plangente e o pranto inútil da necessidade, sem querer ouvir o eco das ondas refletidas e choradas. A página triste e vergonhosa levada às ruas e às praças anseia por um Brasil sem grilhões, pleno de graça e respeito à sua própria gente já bem sofrida que clama por justiça, porque nossa gente não merece o atual modelo soturno de governo recheado de espinhos.

A juventude que sonha com destino melhor tem que vibrar e lutar para acordar o gigante adormecido pelo marasmo de seus governantes que não se importam com o sofrimento de seu povo de há muito já esquecido. No entanto, o poder emana do povo, logo este é quem dita e não aceita governo que o oprime com descaso e desídia, ofuscando sua voz e o direito de reivindicar o que é justo e dever de o Estado provê-lo.

O clamor popular é a expressão da dor de quem sofre por não mais querer a imposição do vício daninho por ser prejudicial. Vai às praças públicas para dizer ao Governo e aos quatro ventos que exigem mudança de rumo levando seu protesto à busca do direito justo que não lhe está sendo reconhecido.

Vejo caminhos toscos e tortuosos, tal qual labirinto complicado e de difícil egressão, mas, também, vejo um movimento organizado e carregado de sentimentos que pretende combater mazelas governamentais e que conta com o apoio do povo, que por si só é Lei. Todos esperam, portanto, que o Governo não venha desviar o foco, o epicentro do movimento, a fim de não o tornar ainda mais inflamado.

No interior de meu esquife, quero ter a certeza de que a lamúria tenha sido freada, que nossos filhos e netos possam ter partidos que deem sustentação política a um Governo que olhe pelo povo. Quero um povo emancipado e liberto de qualquer opressão, sem exclusão ou humilhação, com saúde e educação, em que o homem sinta-se um trabalhador de vergonha e não um indigente camuflado.

Quando partir deste mundo, não me tornarei alma vagante por saber que um partido político maligno sepultado também está. Quero desse modo que minhas pálpebras não se fechem antes de eu não contemplar meu País acreditado aqui e alhures. Aprovar, na calada da obscuridade, as contas rejeitadas três vezes de um gestor municipal é zombar na seara da impunidade.

Essas desditas satânicas envergonham o Parlamento do meu País; por isso e demais mazelas é que a voz da rua e das praças exige que as autoridades deem uma satisfação pública, dizendo o porquê do ato tão inexplicável e deprimente!

*Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR – Bel. em Direito – Membro da Academia Juazeirense de Letras – Escritor – Cronista – Membro da ABI/Seccional Norte.

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