Não há qualquer indício de que a grana para celebridades cantantes tenha reciprocidade na economia local. Isso é uma balela contada de norte a sul por prefeitos a cada vez que são confrontados com os números. Recentemente o prefeito do Rio Eduardo Paes saiu-se com essa lorota após ser criticado por gastar 10 milhões de reais no show da Madona. Cobrado a mostrar dados sobre sua matemática peculiar, o gestor fez piada.
A exemplo do que fala o prefeito de Maceió, muitos alegam que a verba de patrocínio para os eventos banca boa parte da folia. Outra brincadeira. Na hora de desembolsar os milhões para cachês, é o cofre público que recebe o ataque. Quanto vai custar as dancinhas do prefeito neste São João. Não sabemos. Calcula-se que a extravagância vai bater na casa dos 20 milhões de reais. É muita coisa.
Diante das escandalosas cifras – fenômeno em todo o Brasil, reitero – um detalhe menor é a falta de concorrência. Os garotões e as musas que cantam por um cachê de outro mundo são escolhidos pelos gestores. Sim, é muito provável que Gustavo Lima e outros monstros da arte brasileira sejam escolhas pessoais do prefeito da hora. E isso está dentro da lei!
A dispensa de licitação decorre do fato de que não há dois Gustavos Limas.
Agora pense que esse escândalo à luz do sol está nas grandes capitais, nas cidades médias e nos municípios mais capengas do país. Quem ganha com essa presepada? Não é a sociedade.
Depois dos eventos, tudo segue do jeito que estava antes. Correção: a cidade fica mais pobre, com menos recursos para as demandas reais do povo.
Vez ou outra, até se ouve falar em ação do Ministério Público, geralmente com um singelo pedido de informações sobre os custos de determinada festança. Mas a coisa fica por aí, no jogo da burocracia preguiçosa com fantasia de fiscalização séria. Suspeito que uma barreira para atacar essa imoralidade seja mesmo a unanimidade da prática.