A NOSSAS CUSTAS

CARLOS BRICKMANN

blogqspferiado1A Sexta-feira da Paixão, como o nome indica, é sexta-feira. Mas a Justiça Federal fechou na quarta – o que inclui o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal.

As Justiças estaduais e fóruns fecharam na quinta. Os milhares de processos à espera de decisão tratam de casos terrenos, que podem esperar.

Na quarta, os desavisados imaginavam que o Congresso estivesse em pleno funcionamento. Na Câmara, 368 deputados marcaram presença e garantiram seus jetons (aquela diária que parlamentar recebe quando aparece no serviço), mas presentes mesmo, às 17h, havia oito no plenário. Os demais, certamente, estavam em seus gabinetes, trabalhando ou preparando-se, em retiro espiritual, para a Sexta-Feira Santa. No Senado, 63 excelências marcaram presença, mas só seis deles se materializavam no plenário às cinco da tarde.

A grande maioria dos nobres parlamentares chegaria à Sexta-Feira da Paixão, ao Sábado de Aleluia e ao Domingo de Páscoa com o espírito revigorado pelo exercício do retiro (e o corpo mais revigorado ainda pela falta de exercício proporcionada pelo descanso).

O repousante fervor espiritual de Legislativo e Judiciário talvez não deva ser criticado. Certa vez, perguntaram ao governador mineiro Hélio Garcia por que ficava mais tempo em sua fazenda do que no gabinete. Ele explicou: cada medida que deixava de tomar representava boa economia para Minas. Vale o exemplo. Dos 21 deputados que presidem comissões permanentes na Câmara, oito respondem a inquéritos e ações penais.

É até bom que trabalhem pouco.

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