POLÊMICA DA VIRGINDADE PARA POLICIA BAIANA

Governo da Bahia vai modificar edital de concurso que requer ‘exame de virgindade’
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Após pressão, governador divulga em rede social que itens polêmicos do concurso foram suspensos

Mellyna ReisDo NE10/Bahia

O concurso deste ano da Polícia Civil da Bahia já entrou para o rol dos mais polêmicos realizados no Estado. Após o questionamento de algumas candidatas e a repercussão da mídia, o governo confirmou a alteração no item do edital que determina a realização de exame ginecológico, do qual mulheres ‘virgens’ estariam dispensadas.A assessoria de imprensa da Secretaria de Administração da Bahia (Saeb) adiantou ao NE10, por telefone, que o governador Jaques Wagner ‘sinalizou a necessidade de modificação nas regras do concurso’ e que isso já está sendo feito. A confirmação também foi divulgada pelo próprio governador, por meio do perfil no Twitter, onde este assegurou a “IMEADIATA SUSPENSÃO dos itens que possam causar constrangimento ou discriminação às mulheres”.item 12.12.11 na página 22 do edital diz que “A candidata que possui hímen íntegro está dispensada de entregar os exames que constam no item 11.12.2.1, inciso VI, alínea “a”: colposcopia, citologia e microflora, desde que apresente atestado médico que comprove a referida condição, com assinatura, carimbo e CRM do médico que o emitiu”.

O exame foi considerado discriminatório pela Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA), que divulgou uma nota de repúdio. A entidade ficou de encaminhar um ofício para a Saeb e o delegado geral de Polícia Civil do Estado, Hélio Jorge Paixão, cobrando explicações sobre a permanência do item. Inicialmente, a Secretaria justificou que a avaliação já havia sido requisitada em certames anteriores e, por isso, seria mantida.


Item polêmico do edital que foi suspenso pelo governo (Foto: edital/reprodução)

A presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-BA, Andréa Marques, rechaçou a exigência. “Tem cunho discriminatório porque obriga a mulher a expor sua intimidade”, condenou a advogada, acrescentando que a obrigatoriedade fere o princípio de isonomia, considerando que não foram solicitados exames biológicos íntimos aos homens.

Andréa Marques explicou que a Ordem decidiu se posicionar já que a prerrogativa para ocupar o cargo de delegado de polícia é ser bacharel em Direito. Para a advogada, a necessidade de cobrar no exame biomédico – etapa eliminatória do concurso – uma avaliação ginecológica ou um teste que comprove a ‘virgindade’ feminina, denota preconceito e fere a Constituição. “Só atinge a mulher. De qualquer ângulo que é analisado, há discriminação”, argumenta.


Para a advogada Andréa Marques, da OAB Bahia, o exame solicitado é discriminatório (Foto: Angelino de Jesus/OAB-BA)

A advogada enumerou os pontos que avalia como os mais graves: o descumprimento da lei que proíbe a exigência de atestados de gravidez e a desigualdade na solicitação de exames considerados invasivos (possivelmente para detectar DSTs ou câncer) que não foram requeridos aos candidatos masculinos, colocando-os em situação de vantagem.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA), por meio do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher, chegou a solicitar de forma administrativa que o governo alterasse as regras do concurso, ameaçando requerer judicialmente caso a solicitação não fosse atendida.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Administração não soube informar quando a modificação será publicada ou se vai acarretar mudanças no cronograma da seleção.

PROVAS – O concurso da Polícia Civil da Bahia 2013 vai preencher 600 vagas para os cargos de delegado, escrivão e investigador. A prova escrita está marcada para o dia 7 de abril e será aplicada nas cidades de Barreiras, Itabuna, Juazeiro, Salvador e Vitória da Conquista.

A seleção é dividida em sete etapas eliminatórias e classificatórias: provas objetivas e discursivas, teste de aptidão física, exame biomédico, exame psicotécnico, avaliação de títulos, investigação social e de conduta pessoa. A banca organizadora é a Cespe/UNB.

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