SILÊNCIO NA CASERNA! Uma ode ao professor Tarzan do Karatê


Os raios fulgentes, em pleno resplendor do Sol matutino do dia 19 de setembro, quarta feira, anunciaram que partiu deste mundo planetário, para o Alto, o professor Tarzan do Karatê! Tristeza! Kimono de luto! Tatame chora! Saudade dos camaradas da Força Invicta, companheiros milicianos!
Domingos Barbosa Cardoso (Professor Tarzan) era um sacerdote mecenas, protetor da arte marcial, um autêntico artista, cuja alma era a cultura de lecionar aulas de Karatê em vários clubes da cidade, bem como, na sua Corporação, polícia militar. Preocupava-se através da arte formar o caráter dos jovens para a vida!
Um soldado disciplinado e disciplinador que gozava de um afeto em toda a tropa, sendo admirado por seus pares, bem assim, pelos superiores hierárquicos, portador de um caráter de firmeza, também no mundo civil, que o credenciara a ser considerado um cidadão notável.
Uma trajetória brilhante na arte marcial, desde 1977 quando conheceu na cidade de Jacobina o professor José Carlos e o faixa verde, Wilson, ambos do estilo Wechi Ryu, sendo convidado para participar nos seus treinamentos, e, por fim, em 1987 foi graduado faixa preta. Juntamente com seus alunos, mesmo antes de receber a faixa preta, criaram a Fundação Juazeiro Karatê Clube, conseguindo em 1988 que a referida fundação tornar-se filiada à Federação Bahiana de Karatê.
Um professor contemplado com prazer por seus alunos, inclusive o meu filho Narciso e o meu neto Geraldo Neto, foram seus discípulos. A amizade de Narciso com o cabo Tarzan era muito forte; mas, a obediência ao mestre mantinha-se firme, respeitosa de professor e aluno.
Cumprimos a obrigação de cristão, indo ao seu velório, onde rogamos ao Pai que lhe desce um bom descanso na Casa do Senhor. Às suas exéquias, uma multidão de amigos e companheiros da briosa PM baiana. Choros e lágrimas sentidas, onde todos relembravam a vida do quartel, e, sempre ressaltavam os bons feitos do amigo que se despedia da Terra dos homens para ser acolhido no Reino da Glória, pois, esta súplica era de todos os presentes à cerimônia fúnebre.
Sua esposa e filhos exprimiam uma dor bem condoída, uma dor plangente, sentimental, cujas lágrimas rolavam pela face, como também no rosto dos alunos e companheiros presentes do tempo de caserna; olhos bem marejados e tristes sabendo que o professor Tarzan descia à sua origem, deixando uma melancolia indelével coroada de uma nostalgia que dificilmente sairá da lembrança de todos que lhe queriam bem. 
Mesmo entristecido, mãos trementes, jamais eu deixaria de pegar com intensidade na alça do seu ataúde, introduzindo com ardência o adeus da despedida, o adeus da saudade que faz derramar prantos!
No momento em que o corpo abaixava para sepulcro, fui comovido a prestar-lhe uma homenagem justa e merecedora, tempo em que dei as minhas condolências aos seus familiares em nome da minha esposa Wilma Rosa, filho Narciso Andrade e meu neto Geraldo Neto, os dois últimos seus aprendizes que lamentam a falta do mestre querido.
O Cemitério Campo da Paz, no bairro das Pedrinhas, em Petrolina-Pe, o seu corpo desceu para o túmulo, sincronizado com a sonoridade cadenciado e dolente do toque de silêncio pelo corneteiro da nossa PM baiana, simbolizando o sentimento dos companheiros da Corporação.
Esperei até o ranger da lousa sepulcral, uma tampa coberta de flores, em que cada pétala rogava a Cristo Jesus para que você siga em Paz! “OSS”.

*Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR – Cronista – Bel. Em Direito – Escritor – Membro da ABI/Seecional Norte – Membro da Academia Juazeirense de Letras.

 

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