Carta sobre o Nova Semente

 

Tenho lido e escutado algumas críticas sobre o programa Nova Semente e estou me perguntando: será que essas pessoas conhecem o objetivo e os frutos do programa? É fácil criticar, principalmente quando se trata de um ano eleitoral, hora de usar todas as armas. Eu digo uma coisa, quem tem serviço prestado, projetos e propostas só precisa defender o que tem e o que faz, não precisa jogar tão baixo e nem falar do que está dando resultado positivo, porque ninguém tem o direito de falar daquilo que não conhece. Antes de prosseguir quero deixar bem claro que não estou aqui para fazer política, nem falar de candidato A ou B. Como falei anteriormente, só temos autoridade pra falar do que ou de quem conhecemos e do Programa Nova Semente eu conheço, eu vivo, eu posso e devo falar me pergunto também se essas pessoas já fizeram alguma visita ao bairro Cacheado, se elas já viram alguma criança comendo comida estragada ou brincando dentro dos esgotos, tenho certeza que não, por isso, vou contar como as crianças viviam antes e como é agora.

ANTES: Quando as mães iam trabalhar ou até as que não trabalham, eles ficavam expostos a vários riscos, devido à falta de estrutura física de suas casas de taipo, expostos a esgotos a céu aberto e tantas outras vulnerabilidades, não tinham alimentação de qualidade, muitos não tinham de maneira nenhuma, não tinham hábitos de higiene, alguns não conheciam um chuveiro e nem sanitário e nunca tinham escovado os dentes, não recebiam estímulos necessários para seu desenvolvimento físico e emocional, nunca foram a um dentista e a maioria delas tem sua dentição comprometida, nunca foram ao pediatra, não tinham acesso a médicos especializados.

AGORA: Durante um período de doze horas ficam na unidade que é sim uma casa adaptada, senhores e senhoras que criticam as casas adaptadas o que me dizem das casas de taipo onde esses pequenos moram? Aqui é bem mais seguro e confortável do que suas próprias casas são cinco refeições diárias, um cardápio elaborado por um nutricionista, com ingredientes e um preparo de qualidade, aqui eles tomam banho com tudo que tem direito passam até perfume, escovam os dentes após as refeições, fazem atividades e brincadeiras apropriadas para sua idade, aula de música, as crianças com apenas cinco aninhos já sabem escrever, também tem dentista, otorrinolaringologista, fonoaudiólogo. Quando vejo essas sementinhas indo pra suas casas, limpinhos, de barriga cheia, dentes escovados, saltitantes, com aqueles olhinhos brilhantes de gratidão, recebo o maior e melhor salário: O sorriso de uma criança. Só quem conhece a dura realidade desses pequenos pode entender o que eu sinto e do que eu estou falando. Pergunte para as suas famílias o que elas acham o que elas preferem, se é a vontade da população que deve prevalecer não entendo o porquê de tantos ataques a algo que só traz benefícios, é por isso que continuo com o meu conceito que só se atira pedra em bons frutos.

Agora vamos falar um pouco das nossas funcionárias que tão injustamente chamam de incapacitadas. Em cada uma de nossas salas tem uma profissional com magistério, temos uma pedagoga e tanto ela como as outras funcionárias passam por várias capacitações feitas pelo renomado instituto Alfa e Beto. Ninguém antes acreditou nelas, muitas nunca tiveram registro em suas carteiras e hoje além de um emprego, um lugar seguro pra seus filhos ficarem, ajudam no orçamento familiar e outras são responsáveis pelo sustento total das suas casas. Mesmo em meio uma comunidade carente e até discriminada consegui encontrar verdadeiras pérolas, mulheres trabalhadoras, dedicadas, que só precisavam de uma oportunidade a qual agarraram com unhas e dentes e a cada dia posso ver de perto o crescimento e o progresso de cada uma, posso dizer sem exagero algum que foi uma verdadeira revolução em suas vidas, escuto depoimentos emocionantes delas, que cresceram não apenas profissionalmente, mas como mães, esposas e hoje tem um relacionamento muito mais saudável dentro dos seus lares, isso não tem preço, para aqueles que acham que seu dinheiro pode comprar tudo, quero dizer que nem nós, nem nossos votos, estamos à venda como muitos acham, não somos mercadoria, somos cidadãs conscientes do que queremos.

Alguns tem denominado as unidades “Depósito de crianças” se quiserem podem até chamar assim, mas posso garantir que aqui não é apenas um deposito de crianças, mas, também de cuidado, afeto, ensino e muito amor, O Brasil tá precisando de milhares de depósitos desse tipo aqui. Aqui também é um campo de semeadura, semeamos educação, influências positivas, princípios e valores que elas levarão para o resto da vida, e a nossa colheita será a formação de uma nova geração que não será formada com base nas suas condições financeiras, nem no lugar que mora, mas baseado no acolhimento desde os primeiros meses e em um ensino adequado desde os primeiros anos de suas vidas.

Outros olham pra essas crianças e essa comunidade com olhar de dó, outros de rejeição, outros de discriminação, mas, o projeto Nova Semente e essa pessoa que vos fala, olhamos com outros olhos, por isso essa unidade foi denominada Casa Esperança por que acreditamos que cada criança aqui acolhida, amada e ensinada será uma agente de transformação para essa comunidade e esse país.

Tiro meu chapéu para o idealizador do programa e para todos que trabalham direta ou indiretamente contribuindo para o sucesso e crescimento deste programa, para aqueles que assim como eu acreditam que o caminho certo é investir nas crianças o nosso bem mais precioso, e o meu repúdio àqueles que falam do que não conhecem, olham apenas para o seu próprio umbigo e pensam apenas no seu próprio bem estar.

Palavras de alguém que conhece não apenas de ouvir falar, mas que conhece de perto a diferença positiva que esse programa trouxe para a vida das pessoas.

Termino aqui grata a Deus pela oportunidade única de fazer parte do projeto Nova Semente e através dele parte da vida dessas crianças e das famílias beneficiadas.

*VANESSA SUÊNIA OLIVEIRA DE SOUZA

Orgulhosamente gestora da Unidade de acolhimento à criança Casa Esperança

 

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