A FACE OCULTA

Carlos Brickmann

O grande acordo “Tira do Meu que Eu Tiro da Sua” está evidente: Eduardo Cunha evitou que Gilberto Carvalho, Erenice Guerra, Antônio Palocci e um dos filhos de Lula, Fábio Luís, fossem convocados pela CPI do BNDES. Foi o agrado a Lula por ter ordenado ao PT que garantisse amplo direito de defesa a Eduardo Cunha e demais alvos do procurador Rodrigo Janot. A ampla defesa inclui um relator amicíssimo de Cunha e seu antigo seguidor.

Já o processo de impeachment contra Dilma está andando, mas em ritmo de discurso de Suplicy. Cunha já podia ter tocado ou rejeitado o processo, o que seria normal, mas preferiu ralentar. E aí há feriados, recesso parlamentar, festas de fim de ano. Cunha diz que não haverá recesso, mas é mais fácil boi enlatado voar do que esperar parlamentares para votar impeachment no recesso que não haverá. No ano que vem, depois do Carnaval – claro! – o clima já será outro, de eleições municipais.
OK? Não: hoje, mais importante que o jogo do Congresso é a face oculta da crise. A greve dos petroleiros tem inesperado índice de adesão. Uma surpresa, considerando que os sindicatos do setor são mais governistas do que Collor, Sarney, Maluf e Kátia Abreu juntos. E, para amanhã, segunda, está marcada uma greve explosiva, a dos caminhoneiros. Se der certo, bloqueia estradas, suspende o abastecimento, paralisa a economia, multiplica o efeito da greve dos petroleiros. Há, entre os caminhoneiros, alguns cujo objetivo é derrubar o Governo.

Agora não adianta muito olhar para Brasília: é preciso olhar para o país.

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