Altman ressalta que a narrativa dos acontecimentos sobre o período de 1964 a 1985, quando os militares comandaram o Brasil, “recobre dupla mistificação, infelizmente pouco esclarecida pelo governo que nomeou a CNV e por seus próprios membros”. O primeiro mito, escreve o colunista, “é de ordem moral e jurídica”, e o segundo “é de natureza política e histórica”. São eles:
– Toda quebra da ordem constitucional, para submeter uma nação à ditadura, estabelece imediatamente o pleno direito de insurgência contra a usurpação antidemocrática. Adquire lastro ético toda e qualquer forma de ação resistente, contra quaisquer alvos, civis ou militares, que representem o arbítrio. Ao mesmo tempo, torna-se ilegítimo qualquer julgamento ou ato repressivo, sob regime de exceção, contra aqueles que se levantam, de forma armada ou pacífica, para derrubar a tirania.
– Apenas um dos lados, o dos militares e seus aliados civis, locais e internacionais, escolheu a via de atropelamento das instituições, recorrendo a um ato de guerra contra a liberdade. Somente este lado, o dos golpistas, colocou o Estado a serviço da morte e da opressão sistemática, da repressão clandestina e da destruição de direitos civis. Foi este o lado que estabeleceu, de forma tácita ou decretada, duas décadas de sítio sobre a nação. Todos aqueles que perfilaram do lado oposto, o da resistência, serviram ao país e à democracia.
Altman constata: “São estes motivos, entre outros, que validam a missão cumprida pela Comissão Nacional da Verdade: investigar um tempo sombrio, durante o qual foi o Estado tomado de assalto por uma fração militar, política, midiática e empresarial que fez dos crimes de lesa-humanidade seu instrumento de poder e riqueza”.
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