Segurança pública: Bogotá fez o dever de casa

*Murilo Cavalcanti

Impossível se falar na Colômbia e não associar o país à violência e ao narcotrafico.Certo? Errado.
Recentemente estive em Bogotá, capital da Colômbia. Confesso que voltei completamente encantado e entusiasmado com os êxitosos programas sociais e de segurança pública, implantados nos últimos 10 anos pelos sucessivos governantes municipais, articulados com o gorverno federal.

Conhecida pelos altos índices de violência e por uma extrema pobreza nos seus arredores, Bogotá é hoje referência de uma bem sucedida política pública de inclusão social e de enfrentamento da marginalidade e da delinqüência criminosa urbana. Andar pelas ruas da capital colombiana não faz inveja a andar por nenhuma capital de primeiro mundo: segura, limpa, com acessibilidade, parques, um eficiente corredor de transporte urbano, e o que é melhor: uma população completamente integrada aos novos tempos – uma civilidade de causar inveja a nós irmãos latino-americanos.

Tudo isto custou sangue, criatividade, dinheiro e determinação política dos gestores municipais. A segurança pública, por exemplo, foi setor que mais avançou. As estatísticas de criminalidade urbana no início dos anos 90 eram estarrecedoras. A taxa de mortes com armas de fogo era de 80 para cada grupo de 100 mil habitantes. Um horror. Hoje estes números são suportáveis: 18 casos para cada 100 mil habitantes, uma vez que, em Washington (EUA) são 34 para cada 100 mil habitantes.

Um programa arrojado de segurança pública, que começou com a demissão de 40% do efetivo policial da capital (sim, 40% eram corruptos e foram para rua), passando pelo enfrentamento (desarmamento e carceramento) dos grupos paramilitares, construção de presídios de segura máxima, aprovação no parlamento de leis duras para punir severamente criminosos e delinquentes, montagem de um banco de dados confiável, recuperação e instalações de novos equipamentos públicos (praças, parques, bibliotecas, transporte de qualidade -tudo em áreas populares) e um total redirecionamento na educação básica e fundamental, além de uma pedagógica campanha de paz e cidadania, fizeram de Bogotá uma cidade tranqüila de se morar e acolhedora de turistas de toda parte do mundo que estão em busca de conhecer sua rica cultura pré-colombiana e desfrutar da sua fantástica culinária.

Na opinião de Hugo Acero, ex-secretário de segurança pública de Bogotá por 8 anos, tudo isso só foi possível, porque houve a decisão política em enfrentar o problema de frente. Ou seja: a questão da segurança pública foi colocada no colo das principais autoridades públicas do País, do Estado e do Município.Essa prioridade é retratada, por exemplo, no esforço da prefeitura de Bogotá em reduzir os índices de criminalidade e propiciar uma cidade acolhedora, moderna e humana, aonde se pode viver tranqüilamente. O volume de investimentos no setor de segurança pública passou de ao equivalente 37 milhões de reais no ano de 2003 para 110 milhões de reais no ano de 2006.

Oxalá que os políticos e gestores públicos pernambucanos possam implantar em nosso Estado e particularmente em nossa capital, este modelo bem sucedido de gestão de segurança pública, pois copiar o bom é melhor do que inventar o ruim.

P.S. 1 – Na semana que visitava Bogotá, a capital era uma festa só. Acabara de receber selo verde do governo e das autoridades de turismo da Inglaterra como destino seguro para os visitantes ingleses.

P.S. 2 – O prefeito de Medellin, Sérgio Fajardo, recebeu recentemente o título de personalidade da Colômbia de 2006, por seu arrojado projeto de combate à violência e de inclusão social, o que tem mudado radicalmente os conceitos e vergonhosos índices de violência e criminalidade de Medellin.

*Murilo Cavalcanti é militante do movimento Brasil sem armas.

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