LÍDERES RELIGIOSOS ATRIBUEM DERRUBADA DE TEMPLOS PELO GOVERNO FEDERAL COMO INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

pastores2O imbróglio envolvendo cinco templos de Petrolina que poderão ser demolidos pela União levou alguns dos principais líderes religiosos da cidade a se pronunciarem sobre o assunto, e em vários momentos expressaram claramente que pra eles trata-se também de intolerância religiosa. Numa entrevista coletiva realizada na manhã de ontem (17), na Igreja Assembléia de Deus Madureira, eles disseram não ter dúvidas de que essa “é uma questão política”.

igreja sem telhado

Na mira da União estão à paróquia de São Judas Tadeu (católica), além das igrejas evangélicas Assembléia de Deus dos Ministérios Madureira e Abreu e Lima, Primeira Igreja Batista e a Missionária Pentecostal Tabernáculo do Deus Vivo – esta já tem data marcada para ser demolida por determinação do Ministério do Planejamento no dia 24 de setembro. A área foi doada entre 2001 e 2004 pelo então prefeito Fernando Bezerra Coelho (PSB) e agora a Justiça está com um pedido pendente de reintegração do atual prefeito Julio Lossio (PMDB).

frente da igreja

De acordo com o pastor Adriano Lobo, o problema não é de agora e remete-se ao ano de 1978. “Época da transferência do antigo aeroporto, no Centro da cidade, para uma área três vezes maior, onde funciona, atualmente. Ocorre que a área onde ficava antes o aeroporto, por ter perdido a finalidade, deveria retornar automaticamente para o município (seu legítimo proprietário). Mas o governo, ainda no regime militar, não fez isso. Ao contrário: escriturou a área em nome da União”, explicou.

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Os pastores irão se reunir nesta sexta-feira com a representante da União, Cassandra Nunes e o prefeito Júlio Lossio no gabinete

O pastor Adriano Lobo afirmou ainda que todo esse imbróglio é uma perseguição política. “O que parece é que o município pleitearia essa área e agora se mostra aberto para que assim que seja repassado ele abra mão para as Igrejas, a corda só quebra para o lado dos mais fracos. Vamos unir as nossas forças e vencer essa batalha, a obra de Deus é de conhecimento Brasileiro e mundial, são áreas de adoração a Deus”.

Eles atribuem o problema a intolerância religiosa 

Durante a coletiva, os líderes religiosos ressaltaram esse ponto. Também deixaram claro que ocuparam o espaço “dentro dos trâmites legais”, uma vez que a Câmara de Vereadores, na legislatura de 2001, aprovou um projeto do então prefeito Fernando Bezerra Coelho, cedendo alguns lotes. Lá foram construídas não apenas as igrejas, mas também outros prédios como a APAE e as sedes do CREA e do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindsemp). No total, 54 prédios foram instalados na área.

Pastor Ruy Wanderley

Pastor Ruy Wanderley

Por outro lado, o Pastor Ednaldo da Missionária Pentecostal Tabernáculo do Deus Vivo, diz que parece que houve um desentendimento entre a União e a Prefeitura. “Precisava que nós fôssemos vitimados para que de fato resolvesse a questão entre eles. Parece algo nessa direção. A realidade é que não invadimos essa área, sempre estivemos aqui e o problema recaiu sobre nós. A União deveria acionar a Prefeitura, que doou a área, e não as Igrejas”.

Imprensa presente

Imprensa presente na coletiva

Com data marcada para demolição, Ednaldo diz que a sua Igreja já teve seu telhado retirado e os membros estão impedidos de se reunir no local por oficiais de Justiça. “Estamos nos sentindo destratados pelo Governo Federal, injustiçados porque entre 2001 e 2004 a Câmara Municipal de Petrolina, através de Lei e sanção do prefeito doou essas áreas para as referidas Igrejas. Não era para estarmos preocupados com essa situação e sim quem doou e a atual gestão”, ressalta.

Os representantes das igrejas não descartam uma mobilização, junto à comunidade, na próxima semana, para evitar a derrubada do templo.

Segundo convite enviado à imprensa pelo Presidente da União dos Pastores Evangélicos de Petrolina, Clayton Antonio, haverá nesta sexta-feira (19) reunião no Gabinete do Prefeito Júlio Lossio, as 15H, com a participação da Secretária de Patrimônio da União, ligada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Cassandra Nunes para tentar resolver o impasse.

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