LANÇAMENTO DO LIVRO “AS CARTAS DE UM DETENTO”, DIA 29 DE AGOSTO NO CENTRO DE CULTURA JOÃO GILBERTO

unnamedBaseado em fatos reais, o livro de estréia de MARCOS SANT’ANNA narra sua historia no presídio de Juazeiro/BA, onde passou 936 dias, dedicando-se à arte e oficio de escrever cartas para outros detentos, que sem saber ler e escrever tinham no autor sua única ponte com o mundo exterior.

O autor, que escreveu mais de 1000 cartas para os detentos, conta diversas historias do dia-a-dia do presídio, a vida dos detentos, sem véus, sem mentiras, como só acontece quando a alma fala e o coração escreve.

MARCOS  SANT’ANNA nasceu em Petrolina/PE,  Sua vida foi dedicada ao mundo das comunicações e promoções artístico-culturais, o que o levou,em meados do ano de 1995, à cidade de Jaguarari/BA, onde viveu vários anos.

Em maio de 2010, o autor foi condenado a uma pena de prisão, que o levou encarcerado primeiramente no distrito de Pilar e depois ao presídio da cidade de Juazeiro/BA. Foram exatos 936 dias até que recuperasse sua liberdade, em dezembro de 2012.

Em AS CARTAS DE UM DETENTO, seu primeiro livro, ele descreve como o oficio e arte de escrever cartas para outros detentos serviu para aliviar a dor e a saudades próprias e de muitos outros, trazendo um pouco de felicidade e esperança a pessoas de quem todo o resto foi retirado. 

RESUMO

“As cartas de um detento” é um daqueles livros que você coloca na sua cabeceira e deve ir saboreando aos poucos, lendo com muita atenção cada página, cada parágrafo, para se inteirar devidamente de um tema deveras polêmico e controverso, o autor do livro sem maiores pretensões, consegue transpor de forma clara e objetiva a realidade nua e crua da vida no cárcere na cidade baiana de Juazeiro.

Neste livro, estão copiladas algumas das mais interessantes e instigantes cartas que o autor escreveu quando estava em cárcere privado. Os detentos lhe pediam que escrevesse esse gênero textual tão esquecido hoje em dia por conta da internet e seus e-mails. Quando praticamente ninguém envia mais cartas, só na prisão que é um hábito comum porque lá dentro não se pode ter internet, computador e essas coisas todas que a tecnologia aguça, MARCOS SANT’ANNA se apossa magistralmente desse instrumento de comunicação e joga na nossa cara temas que comumente estão presentes no seio da nossa sociedade como, por exemplo, latrocínio, pedofilia, roubo e tráfico de drogas

O livro é feito em dezessete capítulos, com 229 paginas e divididos por temas distintos. Assim, o autor se vale dos depoimentos de presidiários e para manter a privacidade deles, mescla com um pouco de ficção, com uma espécie de floreio que enriquece ainda mais a linguagem metafórica, porque o objetivo do livro em questão é revelar o pequeno pedaço do cárcere, um cotidiano quase sempre hostil, mas sem comprometer o nome e a vida de quem quer que seja. O autor expõe com detalhes, com minuciosidade, as mazelas ali existentes.

 Fica claro que a linha adotada foi a das mensagens, das lições de moral dadas pelos depoimentos, o autor teve a oportunidade de brincar com as palavras, fazendo um jogo quase dramático com as histórias ditadas pelos presos. Estando ali como detento e como radialista, isso não lhe tolheu um pouco em ir mais a fundo em questões polêmicas.

O livro praticamente apresenta características de autoajuda, porque ninguém se considera culpado, pois praticamente todos são inocentes

Assim, veremos, ao virar de cada página, a carta de um detento que sente saudade da mãe, do pai, da esposa, dos filhos e dos amigos; outro desconfia que a esposa o trai e morre de ciúmes por conta disso, um homossexual efeminado tresloucado, um caminhoneiro pedófilo, um que sente um amor incondicional por sua mulher, outro revoltado com a lentidão da justiça, outro acredita que o amor que existe é só o de mãe e paixão só de Cristo, e por aí vai. Permeado de sonhos e até mensagens bíblicas, o livro, além de nos fazer refletir a respeito da solidão na vida no cárcere, nos traz informações úteis a respeito das aplicações das penas e dos seus respectivos crimes.

Para as pessoas que sofrem ou sofreram no sistema prisional, isso é uma forma de vingança institucional por conta do sofrimento que causaram em alguém. Vingança, e não Justiça. Isso pode ser útil para enganar a si mesmo, achando que transferir a dor aplacará a sua própria. Mas não irá resolver o problema causado e dificilmente conseguirá fazer com que o crime não seja cometido novamente. Não se reintegra, apenas exclui-se ainda mais quem, na maioria das vezes, foi sistematicamente excluído da sociedade. Que compromisso tem a pessoa quando retorna ao convívio social? Se a vida lhe deu um limão, faça com ele uma limonada, diz o velho ditado. É o que acontece com certas pessoas.

Este livro contem cartas nas quais detentos se expõem, abrem suas vidas para uma pessoa que outrora era um estranho, e como que de repente, em um passe de mágica, vira amigo, se torna irmão e companheiro. E nesse enlace, a angústia, a solidão, a necessidade dão lugar a vontade de falar.

“As cartas de um detento” é um grito de alerta pela humanização de um cárcere por um cárcere mais cidadão. O livro tem o propósito de ajudar a debater a problemática da questão penitenciária, colocar o presidiário como protagonista na luta por um sistema de execução penal mais justo e mais humano.

O livro “As cartas de um detento” é baseado em cartas escritas pelo autor em um presídio na cidade de Juazeiro-Ba, que servem de pano de fundo para revelar, tornar claro o que está nas entrelinhas, o que até então estava obscuro a respeito de um lado de quem vive à margem da sociedade. Estas cartas descortinam, tiram a poeira, revelam para toda a sociedade o que ocorre em um cárcere quando alguém comete um delito, entra por aquele portão e se encerra ali. São pessoas, são seres humanos que vão passar ali um mês, três anos, talvez dez anos. É, enfim, um depoimento de quem viveu in loco as histórias dramáticas copilados em cartas daqueles que não têm voz.

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