*Osvaldo Coelho
Já está passando da hora do governo federal entender que os desiguais precisam ser tratados desigualmente. De acordo com estudo da Embrapa, colhe-se dois mil quilos de grãos de feijão por hectare, em 10 anos; enquanto no sudeste do país são 25.000 ( Vinte e cinco ) mil quilos; este mesmo período.
No Paraná, um hectare de milho produz dez toneladas por safra, em dez anos , são cem toneladas. No semiárido, no mesmo período, são três mil e trezentos quilos, ou seja, trezentos e trinta quilos por safra.
Para cada dez anos, no semiárido, tem três boas colheitas de feijão, de trezentos e oitenta quilos /hectares, em cinco anos, colhe-se cento e noventa e cinco quilos por safra, e em dois anos a produção é zero. Existem ainda, lugares a exemplo de Mairi Bahia que a seca já chega a seis anos consecutivos e a água do subsolo é salobra, inútil para o consumo humano e animal.Segundo dados da Embrapa em Petrolina no período 2011 a 2013, houve um total de chuvas de 790,5mm, que resulta em média anual em 263,5mm, o que é insuficiente para se praticar a agricultura de sequeiro.
Outro exemplo grave de nossa realidade é que o nordeste concentra a maior taxa de analfabetos do país; são 18,7%, enquanto a média nacional é 9%; no sul , 5%. No semiárido não existem números precisos, admite- se chegar 35%. Este é o retrato, a radiografia do semiárido brasileiro.
O presidente do Banco do Nordeste, em reunião na SUDENE, em novembro de 2011, declarou que os juros cobrados nesta região são impagáveis, e que os empréstimos incobráveis. Estes passivos continuam sem solução e atormenta a vida do sertanejo, além da seca que fechou três anos consecutivos. A última decisão do Conselho Monetário Nacional ao deliberar sobre o programa não é sensata, por que não se debruça na realidade do semiárido.
Nestas três secas encadeadas, das porteiras das fazendas do semiárido nada saiu, somente entrou; salário para pagar o trabalhador; ração para o gado; sal mineral; vermífugo; preço da gestão e despesas administrativas.
Se esta realidade for verdadeiramente enfrentada, a única atitude é facilitar o pagamento das dividas acumuladas. Propagam que existem, grandes produtores no semiárido. Esta é uma nomenclatura de gabinete de Brasília. Conceito deturpado porque nós somos cercados é de grandes dificuldades, grande escassez de água, grandes secas.
Neste momento o Banco Central estabelece uma resolução chamada de “Facilidade de Dívida Acumulada” com juros de 8,7%. Não dá para entender esta situação de jeito nenhum! Outro dia o Banco do Nordeste tinha juros de 2% para os devedores, agora é 8,7%.
Quero fazer um apelo a uma maior sensatez do Governo Federal, para que analise as atuais condições que permitam o pagamento das dívidas. Não estou pedindo que o pagamento não seja efetuado. Peço-lhes para que sejam oferecidas condições de pagamentos favoráveis. Quando a seca vem devora a plantação do pequeno, do médio e do grande produtor rural. É perversa para todos. Por que tantas diferenças? Esse anúncio de dez por cento, com um ano de carência e dez anos para pagamento não combina com a realidade do semiárido.
*Osvaldo Coelho é ex-Deputado Federal (DEM)