*Antonio Damião
Divulgou-se uma inverdade em que a Região Nordeste é sinônima de miséria, sofrimento e sequidão. Fruto da desinformação do potencial de nossas riquezas culturais e regionais.
Temos tantas maravilhas nesse pedaço de chão chamado Brasil, que ficamos encantados com tamanhas belezas.
Como nordestinos nos orgulham sermos detentores de um grande bioma exclusivamente nosso, não existe em nenhum outro lugar do planeta, que é a nossa caatinga. Presente aproximadamente em 10% do território brasileiro com abrangência nos estados da Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia (região Nordeste do Brasil) e parte do norte de Minas Gerais (região Sudeste do Brasil).
Não podemos negar que no país foram criados vários programas de preservação e proteção do meio ambiente, mas não houve o devido cuidado e, parafraseando as palavras do prefeito de Petrolina, na ocasião da assinatura do Decreto municipal: “aquilo que não tem dono, facilmente desaparece, degrada-se com muita rapidez. É importante que faça isso ou aquilo, mas que tenha a responsabilidade de cuidar”.
A nossa caatinga hoje se encontra numa situação de vulnerabilidade, associada à imagem de um local pobre e seco, consequentemente desgastada pelas ações desenfreadas dos homens e animais. Entretanto, só quem entende a vida difícil de um agricultor, principalmente quem vive numa região de sequeiro, que depende exclusivamente da chuva, é quem convive dia a dia na região da caatinga.
Anualmente os produtores rurais sofrem com o fenômeno da seca e, nesses últimos anos, foram castigados severamente, causando um grande desequilíbrio ambiental e prejuízos à pecuária desastrosamente. Contudo, o prefeito de Petrolina, Dr. Júlio, sensibilizado com os problemas negativos que assola o sertanejo, baixou um Decreto criando o Programa Municipal de Proteção da Caatinga, à UCCA (Unidade de Conservação da Caatinga). O objetivo do referido programa é que o agricultor separe 50 hectares para preservá-lo, tudo nativo, sem que haja interferência de animais na área. Serão cadastradas 250 pessoas que receberão incentivos financeiros, com a participação de várias entidades representativas. (EMBRAPA, CODEVASF, UNIVASF, INCRA, 72 BI, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Associações dos Moradores do Interior, Produtores Rurais), e a participação popular. A fim de que haja eficiência e lisura no processo, terá um conselho fiscalizador, a AMMA (Agência Municipal do Meio Ambiente), para constatar se as pessoas que aderiram estão legalizadas conforme documentação exigida. Se porventura não estiverem dentro do padrão estabelecido, perde o incentivo e serão desligadas automaticamente. Tradicionalmente, o Brasil não cuida do seu potencial, quem explora geralmente o que temos são outros países, como é o caso da nossa Amazônia. Um extenso bioma brasileiro de grande importância e considerado como o pulmão do mundo que há muito tempo é explorada por pesquisadores, objeto de ambição e desejo de várias nações, principalmente os Estados Unidos. Portanto, é um programa que visa conservar a caatinga e deve-se divulgar a importância dele nas escolas. É um trabalho de conscientização até atingir o objetivo proposto em benefício desse riquíssimo bioma. “Temos a esperança de que no futuro próximo a caatinga se torne algo sustentável”, assim se expressou o prefeito. Na história de Petrolina nunca ocorrera um momento solene como esse em favor do agricultor nordestino e preservação da nossa flora sertaneja, sem comprometer o desenvolvimento da nossa fauna, vez que algumas espécies estão correndo risco de extinção. O executivo municipal na pessoa do Dr. Júlio Lóssio, a Agência Municipal do Meio Ambiente, na pessoa de seu Diretor presidente Gleidson Castro, proprietários de áreas contempladas e parcerias que darão sustentação e fortalecimento ao ecossistema, estão de parabéns pela grandeza desse inesquecível gesto. É um marco histórico em favor do produtor rural e localidades do interior do sertão.
Antonio Damião Oliveira da Silva