DE CONTRA A CONTRADIÇÃO.

*Washington Lucas

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Na história contemporânea, o que se sabe é que, após a segunda guerra mundial, duas correntes ideológicas travaram guerras pelo planeta, a fim de conquistarem o maior espaço possível. Estou falando das correntes Comunista e Capitalista.

No Brasil não foi diferente, tendo ocorrido aqui uma série de conflitos. Preponderou, ao final, a corrente capitalista, consolidada através de um governo de regime totalitário, estabelecido por uma elite capitalista brasileira aliada ao capital internacional.

Para a consolidação da ideologia capitalista, a elite brasileira utilizou-se do instrumento de força do Estado, as forças armadas. Durante cerca de vinte anos o Brasil foi administrado por militares, que ocupavam o Poder Executivo. No legislativo, a elite apoiava os militares através dos seus representantes, os quais, em sua maioria, pertenciam ao partido ARENA.

A oposição ao governo era feita por grupos sociais e, no congresso, pelo MDB, partido político que mais tarde se repartiria em vários outros partidos, dentre eles o PT. O Partido dos Trabalhadores, de feição socialista, surgiu, portanto, como produto da oposição a um governo capitalista totalitário.

Com o fim da administração dos militares, o país passou a ser novamente governado por civis. Durante o governo dos militares, e principalmente neste período, o país passou por uma série de inquietações no campo da política, da literatura, da música etc. Em resumo, os representantes destes grupos construíram e pregaram discursos que pugnavam pela volta de uma ordem política e social fundada na Democracia.

O Partido dos Trabalhadores surgiu destas inquietações e pregavam valores fundamentais de uma sociedade democrática, como a liberdade de expressão, a liberdade de locomoção, o direito de os trabalhadores se defenderem através da greve, que é uma forma legal e legítima de autotutela.

Agora, contrariando e contradizendo a sua história, aqui brevemente exposta, o PT comete uma das mais absurdas atitudes, levando à prisão, sob o manto da legalidade, porém sem qualquer legitimidade, o líder da greve dos policiais militares da Bahia, Marcos Prisco, colocando-o em um presídio federal de segurança máxima, igualmente como fez seus opositores com muitos de seus pares, dissidentes do regime militar.

De uma só vez, numa atitude desastrada, violou injustificadamente as liberdades de locomoção e expressão e o direito de greve dos trabalhadores, defendidos por ele outrora.

Porque tudo isso? O que teme o PT? O partido utiliza-se do instrumento de força do Estado para reprimir movimentos sociais legítimos, como fizeram os militares a serviço da elite capitalista. Estará o PT também sob as rédeas do capitalismo ou será ele o próprio capital?

Estamos assistindo ao Partido dos Trabalhadores fazer retornar o período de exceção instituído pelos Atos Institucionais, explicitado através de medida tão extremada de cerceamento de liberdade de um líder social que busca representar os interesses uma classe tão importante para a sociedade.

Mudam-se os sistemas, as formas e os regimes de governo, mas os instrumentos e as técnicas de opressão e controle se repetem. As ideologias surgem e se renovam com o firme propósito de ascensão e manutenção do poder, mesmo que isso signifique contrariar as próprias razões de sua existência. O PT é a condensação de tudo isso:

nasceu do contra para se transformar em contradição.

Washington Lucas é Bacharel em Direito e Servidor Público Estadual

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