*Maria da Paz
No dia 03/02, a comunidade das Agrovilas tomou as ruas de Curaçá, clamando para que a sua voz fosse ouvida.
Muitos olhavam surpresos, indignados, curiosos, alguns aplaudiam e acompanhavam aquela “procissão” que gritava que não era mercadoria ,que fosse respeitada a sua história,alguns outros taxavam aquela gente de vândalos, desocupados…
Aquele movimento que tomava as ruas era formado por mães, pais de famílias, jovens que viam seus sonhos de sobrevivência no Projeto ser arrancados através da assinatura de um convênio que interfere diretamente na garantia de ter água potável e de qualidade para sua subsistência.
Mas essa história começou a pouco mais de 28 anos, quando os trabalhadores e trabalhadoras tiveram que sair de suas terras e deixar suas raízes, sua história embaixo das ´águas da barragem de Itaparica para que o país pudesse produzir energia. Com a luta dos reassentados veio a conquista do reassentamento Itaparica e dentre essas conquistas o direito a água potável de qualidade, saúde e infraestrutura no Projeto Pedra Branca.
Durante esses 28 anos, os trabalhadores sempre participaram das decisões discutindo coletivamente os rumos do reassentamento,direito esse garantido no acordo de 86. No entanto no dia 29 de janeiro fomos surpreendidos pela notícia que o prefeito de Curaçá, Carlos Brandão tinha assinado convênio com a CHESF tirando da responsabilidade da CHESF e repassando para o município de Curaçá os serviços acima citados, sem a participação dos trabalhadores e com um valor que não atende as necessidades das Agrovilas, já que não da condições nem ao menos para a construção da adutora que garanta água potável de qualidade, sem falar que não foi discutido as questões de saneamento, lixo e diversos outras pendências que estão incluídas na saúde.
A primeira ação da comunidade foi chamar o gestor para vir as Agrovilas conversar com o povo, explicar, mas foi informado a comunidade, pela representante do prefeito, que o gestor respondeu que não viria as Agrovilas, por isso o povo precisou tomar a decisão de ir a Curaçá para conversar e precisou ficar dois dias na sede do município, ocupar a sede do SAAE, suspender o abastecimento d’água da cidade para que o gestor se dispusesse a sentar com a comissão dos reassentados.
O mais surpreendente é que, enquanto os trabalhadores clamavam para serem ouvidos pelo gestor ele colocava notas em carro de som, dava entrevista na rádio no municio de Abaré, chamando os trabalhadores de vândalos, de preguiçosos, proferia mentiras dizendo que os mesmos estavam quebrando os órgãos públicos o que constatou-se que era mentira, já que não foi danificado nada e isso foi atestado pela própria polícia e funcionários do SAAE, que se encontravam no local.
No dia 04/02,finalmente ele aceitou sentar com a comissão o que gerou uma expectativa positiva em todos ,no entanto ,para frustração de todos, a resposta do gestor aos argumentos apresentado foi sempre dizer NÃO. Não a suspensão do convênio para discussão com a CHESF e reassentado, NÃO a participação dos trabalhadores, Não a assinar uma ata da reunião com as propostas apresentadas.
Diante dessa atitude do gestor e preocupadas com a integridade fisicas dos trabalhadores foi tomada a decisão de retirada das pessoas da sede do município, restando aos trabalhadores apegarem-se com Deus para buscar uma solução.
Povo das Agrovilas, reforço mais uma vez o meu comprometimento de estar ao lado de toda a comunidade, defendendo os direitos dos trabalhadores e buscando garantir a liberdade de participação de todo cidadão e cidadã na construção do futuro de Curaçá,finalizo com o lema do movimento “QUEM NÃO CONHECE O NOSSO PASSADO NÃO PODE DECIDIR O NOSSO FUTURO”.
Um grande abraço a todos e todas e que Deus nos proteja do mal da prepotência, da ignorância e da intransigência daqueles que acham que ter poder é decidir sozinho pelo futuro do nosso município.
*Maria da Paz dos Santos Souza e Silva
Vereadora -PT