SEM ARREPENDIMENTOS

blogqspraianeÉ dessa maneira que Raianne Guimarães (22), recém formada jornalista, define o seu sentimento a respeito do livro reportagem “Do Estádio aos Campos de Várzea: A prática do futebol amador em Juazeiro Bahia”, seu produto de Conclusão de Curso, defendido e aprovado com louvor em dezembro do ano passado.

O livro (re) conta a história do futebol amador na cidade de Juazeiro após sua profissionalização em 1995, com um foco específico em 2013, ano que Raianne considera o “booom” da prática, após anos de enfraquecimento causados pela coexistência dentre o mesmo e o futebol profissional.

Durante quatro meses do segundo semestre de 2013, Raianne dedicou-se a construção do livro, tendo, para isso, assistido a 15 jogos (não delimitados a uma só liga) e conversado com profissionais da imprensa, técnicos, jogados, ex-técnicos e ex-jogadores, além de, principalmente, exercer um olhar pessoal sobre a prática – e sobre a recepção das pessoas à prática. O objetivo, segundo Raianne, era imprimir ao livro essa característica mais pessoal e narrativa, comparando sua visão a visão dos entrevistados.

Os motivos que a levaram a seguir adiante com o projeto são variados. Primeiro, é claro, a paixão pelo esporte. O primeiro contato veio aos quatro anos e, desde então, Raianne nunca deixou o futebol de lado. Mas, que fique claro: Apenas fora dos campos, como torcedora e amadora. “As pessoas acham que eu jogo muito bem. Mas não jogo quase nada.”, diz ela, aos risos.

Mas a principal inspiração veio dois anos antes do término do semestre, em 2011, quando Raianne encontrou dificuldades para realizar uma reportagem para a disciplina de “Entrevista e Reportagem”, sobre o futebol amador. “Achei pouca coisa.” Nasceu, aí, o desejo de escrever o livro. Contudo, ela deixa claro a quem quiser que, desde que entrou na faculdade, já sabia que o seu trabalho de conclusão de curso envolveria esportes; ela só não sabia ainda qual. O foco na prática do futebol amador surgiu a cinco dias de entregar o projeto, no oitavo semestre, quando Raianne, após se questionar o quanto ele ainda estava presente na cidade, deu a cara a tapa e decidiu modificar todo o seu trabalho. A cinco dias do fim do prazo. O resultado mostra que valeu a pena.

O título do produto “Do Estádio Aos Campos de Várzea”, define bem o que Raianne encontrou durante sua pesquisa: O futebol amador muito mais forte e com mais paixão e emoção sendo praticado nos campos de bairro (por isso o “Campos de Várzea” no título) do que no Estádio – geralmente vazio e com poucos espectadores, como Raianne conta que presenciou.

Sobre o futuro da prática, ela é categórica. “O que eu acho é que se não houver uma mudança no modo como o futebol amador é feito, a tendência é que ele termine morrendo por lá e continue sendo praticado nos campos de bairro.”, diz Raianne, ao narrar que via a emoção e o amor pelo esporte nos olhos das pessoas nesses locais, provando, assim, a máxima já conhecida de que o Brasil é mesmo o país do futebol, mas de um futebol praticado nos bairros afastados dos centros e que está longe de todo o glamour dos times reconhecidos nacional e internacionalmente.

Alexandre Borges/Equipe Chuteiras Fora de Foco- Foto: Arquivo Pessoal

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