MECÂNICO QUE PARTICIPOU DA CONSTRUÇÃO DA PONTE E DA BARRAGEM DE SOBRADINHO COMPLETA 80 ANOS

blogqspEtivaldoPersonalidade forte, coluna ereta, voz autoritária, o mecânico Etivaldo de Souza França, 80 anos, nascido em Petrolina, mas criado em Juazeiro, pai de 11 filhos e casado com Dona Madalena há 55 anos, participou da construção do mais belo cartão postal da região, a Ponte Presidente Dutra, que liga Bahia e o Pernambuco.

Seu Etivaldo, mais conhecido como seu Valdinho, conta com orgulho que contribuiu para a construção da ponte como ajudante de torneiro e soldador. “Com 17 anos eu peguei o meu primeiro emprego e fui trabalhar na construção da ponte, no início do serviço, lembro-me que foi necessário a autorização do juiz por que não podia trabalhar menor de idade”, comentou.

Outro momento importante que merece destaque, é a participação na construção da barragem de Sobradinho, um dos maiores lagos artificiais do mundo.

Apesar de todas essas participações, o seu maior orgulho é a sua profissão, que vem passando de geração para geração. Por conta da profissão, seu Valdinho viajou em várias embarcações, inclusive o Saldanha Marinha. Apesar da idade, Ele ainda continua na ativa da sua profissão prestando serviço para o SAAE. “Meu pai era mecânico, meus tios eram mecânicos, é uma profissão de família”, disse.

Aos 80 anos, Ele lembra de como foi sua juventude em Juazeiro, o lado dos amigos João Gilberto, Luiz Galvão dos Novos Baianos, entre outros. As missas, os carnavais, em que saiam a rua com as máscaras dos presidentes, a exemplo de Juscelino, são coisas que tiram um sorriso de seu Etivaldo quando lembradas.

Outro motivo de emoção, orgulho e alegria, é a família, conta com carinho do seu casamento com dona Madalena.

Lendas Populares:

Ribeirinho, seu Etivaldo conta experiências em que já viveu durante esses 80 anos, as lendas fazem parte da história do mecânico.

“Lá no Bom Jardim eu sai no domingo com uma espingarda para caçar, tinha um velho que disse que lá tinha caipora, ai eu perguntei: e como é que a gente se livra? Ele me respondeu que quando perder o caminho tem que oferece um pedaço de fumo para achar o lugar. E eu fui nessa onda, em vez de vim eu ia era mais fundo para mata, e entrei lá no trecho que tinha um horror de pássaros, dei um tiro, depois me lembrei do velho e disse: agora eu vou apelar, vou dar seu fumo. Encontrei o caminho direto, no outro dia coloquei o fumo lá na forquilha e fui, no outro dia desapareceu, carregaram, quem pegou não sei, só sei que sumiu”

Nego d’água

“Lá no córrego de Barreiras, nós fomos na canoa e no certo trecho quando foi umas 21h, os caras iam remando tomando cachaça, e eu me assustei com a ‘zuada’ e eu disse o que foi, ai eles disseram é o compadre que vai ali no meio d’água, olhei, ia mesmo que um submarino, subindo a correnteza . Ai eles disseram: vamos pegar o compadre, eu disse você é doido, vamos encontrar um lugar para encostar o barco, quando encostarmos os três queriam sair de uma vez, com medo, o medo foi tão grande que eles dormiram tudo dentro do forno de farinha, essa lenda não é só conversa afiada.

Depoimento de Dona Madalena:

Emocionada, Dona Madalena agradece a Deus pelo esposo que tem. “Quando as coisas tem que acontecer, acontece mesmo, eu agradeço a Deus por que Ele me colocou na vida Dele, tinha perdido meu pai, uma luta terrível e Deus me deu o casamento que até hoje, está completando 55 anos. Nunca me arrependi, nunca brigamos, sinto muito amor, é muito beijo, muitas palavras”, contou.

Por Clêilma Souza

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