MAIS DE 200 MUNICÍPIOS BAIANOS TIVERAM CONTAS REJEITADAS PELO TCM

No ano de 2013, dos 417 municípios da Bahia, 208 tiveram as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).  163 municípios, foram aprovados com ressalvas e algumas contas não foram relatadas por causa de pendências de documentação.
De acordo com dados do Tribunal de Contas dos Municípios, esta é a pior avaliação nos últimos 28 anos para os municípios baianos, com quase 50% do total de contas rejeitadas.
Segundo Antônio Dourado, coordenador de apoio aos municípios do TCM, o fato de ter as contas rejeitadas repercute de forma negativa porque todas as prefeituras dependem de transferências voluntárias de recursos pelos governos federal e estadual. E a situação é mais grave para os prefeitos  que assumiram a gestão este ano, que são obrigados a manter  serviços que não podem ser interrompidos como a merenda escolar, afirma Antônio Dourado.
Dourado explicou que o que elevou a rejeição de contas em 2012 foi o item restos a pagar. Segundo o artigo 42, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), os gestores não podem contrair débitos no último ano de sua administração, se a prefeitura não tiver saldo disponível. Segundo avaliação que é feita mensalmente das contas municipais, as perspectivas das contas de 2013 são melhores. Entretanto,os prefeitos precisam conhecer as questões técnicas relativas à prestação de contas para evitar erros na elaboração da documentação.
Soluções
A presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), prefeita Maria Quitéria Mendes, se preocupa com a questão da documentação para captação de recursos do governo. Para ela , é necessário criar uma síntese dos documentos exigidos, ter mais agilidade na análise, aprovação e liberação dos recursos e dos convênios municipais. “Já conseguimos junto à Caixa Econômica Federal diminuir o volume dos documentos exigidos, e o que queremos agora é que os outros bancos e entes governamentais façam o mesmo”, reivindica a presidente da UPB.
Quitéria Mendes também defende como solução para os municípios uma reformulação urgente da LRF, ainda mais quando há contradições entre ela e outras leis, como a que obriga que o prefeito invista mais de 60% dos recursos do Fundeb com pagamento de pessoal, e a LRF diz que esse gasto não pode ser superior a 54%. “O que fazer?”, indaga a gestora. A presidente da UPB defende como uma das soluções a criação de Núcleos de Prefeitos(as) na UPB para acompanhar a questão das despesas com pessoal da LRF e construção de alternativas de mudança da lei.
Salário mínimo
O consultor do governo Antônio Pimentel aponta um dos vilões para que as prefeituras não consigam fechar suas contas.  Ele cita estudo de sua autoria no qual considera que a inflação acumulada no plano real, de julho de 1994 até hoje com dados da FGV – Fundação Getúlio Vargas, foi de 297,03%. O salário mínimo no mesmo período teve reajuste de 946,45%. “Como a maior parte dos vencimentos pagos pelas prefeituras é de um salário mínimo, os gestores sempre ultrapassam o limite prudencial”, diz Pimentel. “Coube às prefeituras absorver os aumentos nos custos da mão de obra, cortando despesas,  gerando falta de investimento nos setores essenciais”, afirma.

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