CORNO E QUENGA EM EXTINÇÃO!

*Geraldo Dias de Andrade

blogqsp.celgeraldoPara os “atropelados” pela “ sorte cornal” e, talvez, desconhecendo o significado da “coroa” de pontas que conduz na cuca, o vocábulo corno vem do latim, cornu. Entre várias definições é marido de adúltera; galheiro, cornudo, chifrudo, galhudo, cabrão e outros adjetivos.

Há àquele que sente o peso das galhas como uma agressão à sua dignidade, reputação moral, não perdoando assim, a infidelidade da sua mulher. Entretanto, existe outro que, não liga para tanto, chamado corno por assimilação, de modo que escâncara o título cornal, sentindo-se bastante satisfeito por ter uma corneteira em casa!

 Em alguns estados da federação existe clube dos cornos, em que o cornudo exibe o brasão de chifrudo com muita alegria e satisfação. Existem sócios remidos, juntamente àqueles que já nasceram com a cruz de corno nas costas e no cordão umbilical e já ter levado três chifres na testa é sempre eleito por aclamação para a presidência do Clube dos Cornos!

A epidemia de descaramento e a falta de pudor ganharam um lugar oficial no pódio da transa! Não é permitido censura para se levantar a bandeira da devassidão na praça pública ou na raia de chegada, regada de champanha e música de campeã. O aludido clube está também quebrando as “pernas” por falta de novos associados, uma diminuição sensível de cabrão!

          O cio se tornou uma constante, estando as “escondidas genitais” prontas para o “alívio mental” em qualquer esquina ou beco, em pleno céu de brigadeiro bem fulgente, como também debaixo do sereno da madrugada. Trânsito livre para se fazer neném mesmo sob um guarda chuva, bancos do jardim, etc.

          Os cabarés da vida, conhecidos pelos bregueiros como moradinha da ilusão, lugar romântico, poético, cantado pelos saudosistas freqüentados dos bordéis cerraram as portas por não ter como enfrentarem a liberalidade do “ficar epidêmico” que excluiu o véu e a grinalda, ingredientes considerados, hoje, ultrapassados, cafonas, etc.

          Está realmente na linha da extinção a figura enigmática do corno, trazida por D. João VI, ornato de cabeça chifre, simbolizado pela Guirlanda, constituída de uma coroa de flores que, em Portugal, colocavam nas janelas dos chifrados, não escapando o soberano João, antes de fugir para o Brasil.

          Corno está em extinção igualmente às casas da luz vermelha onde as “primas” fazem “caridade”, dando oportunidade aos “mangueiros” clarearem os olhos! Local esse que dá alívio mental aos donzelos tímidos que não conseguem agarrar nem uma cabrocha na multidão do carnaval para sair da virgindade.

          Diz a galera, que nem está aí quanto ao peso de ser corno, que corno é para quem é casado de aliança no dedo cheia de bênçãos do padre e que a mulher pulou a “cerca”, deixando o cornudo com a marca indelével da chifração!

          Segundo a célebre galera, o negócio é rolar e vamos nessa! Logo, provou da “ fruta”, pode dar o fora que não tem polícia nem justiça no seu pé, mesmo porque, aquilo que gera “menino” morre encamisado, sem  respirar, isento de velório e condolências, enfim, desprovido de cerimônias fúnebres!

          A liberalidade chameguenta, em que se mistura macho com macho e fêmea com fêmea, também sufocou as finanças da “casa da luz vermelha”. Uma quebradeira geral! Faz lembrar-me dos antigos que quando se uniam dois entes da mesma espécie, ou duas “aranhas”, era um terremoto de grande abalo sísimico. Traduzindo melhor, quando se tinha notícia do grude de homem com homem dava “lobisomem”, e, mulher com mulher dava “jacaré”! Quando a bomba explodia – coisa difícil – logo logo uma romaria para jogar no grupo do jacaré,15. O banqueiro do jogo de bicho reunia os cambistas para avisar os pontos que a dezena que tinha jacaré era cotada, bem como o grupo do réptil. Em uma cidade da Região Norte, uma “casa de alívio mental”, cuja cafetina conhecida por “Bunda de Tanajura”, bem esculpida e de um saracoteio sensual, chamariz de fregueses, face à quebradeira das “primas” conclamou, então, que todas fizessem greve, trancando as “escondidas” na esperança que os pais contivessem as filhas do “ficar”. Não surtiu o menor efeito, pois nessa cidade, a devassidão e a oferta da “coisa” estavam às escâncaras! As “cabritinhas” com o “segredo” rompido desde a idade de dez a onze anos, que a “lua” brilhou. Uma degeneração de “cabelos compridos”!

          Em seguida fizeram promessas a São Gonçalo do Amarante, para que lhe desce proteção, por ser ele o santo amigo das mulheres de vida livre! Uma Roda de São Gonçalo, com muita fé, tendo sido o santo do “mulherio” entronizado numa latada a caráter, mas mesmo assim, não conseguiram derrubar a concorrência liberal das assanhadas do fico.

          Fato é que censurar a devassidão se torna uma pessoa “quadrada”, atrasada, cafona, etc. Censurar o “fogo” das gatinhas é uma idiotice, pois, ficar, segundo afirmam, é o melhor negócio, descarregando assim as tensões nervosas, sepultando estresse e adquirem inspiração e forças para levar a vida em sonhos oníricos.

          A verdade é que a quebra da “casa do amor” – falta de clientes – traz não somente prejuízo para as profissionais do sexo, da mesma forma, para os proxenetas, rufiões e cafetinas que negociam o “ trabalho” das “caridosas” que vivem de seus ganhos de ternura. Outro “artista” no cenário do mundo do brega é o gigolô, explorador das “operárias do sexo”, que aguarda o resto da noite para receber as “férias” das “caridades” de sua quenga amante, deleitando-se juntos em farras homéricas, sendo um chamego de verdade, muito carinhoso, visto que, o gostosão é o galã preferido de uma operária da prostituição!

Está em despedida, portanto, a era do corno e da quenga de profissão, dando lugar o (rolar, ficar e vamos nessa!)

*Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR – Cronista – Bel. em Direito – Membro da ABI/Seccional Norte – Escritor – Membro da Academia Juazeirense de Letras.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *