Defesa destaca que o Criadouro Ararinha-azul mantém protocolos rígidos nos cuidados com os animais e confia nas investigações das autoridades. Os advogados ressaltam que a idoneidade da empresa será reconhecida pela Justiça e esclarecem que foi o criadouro o responsável por notificar a presença do circovírus aos órgãos ambientais.
Os advogados do Criadouro Ararinha-azul, uma das instituições responsáveis por devolver a ave à Caatinga, reafirmam a lisura da atuação da empresa, a qualidade técnica no manejo das aves e a importância do projeto para a conservação de uma das espécies mais raras do mundo.
A advogada Bruna Cabral explica que a operação da Polícia Federal sobre o circovírus no Brasil, realizada em 3 de
dezembro, que apreendeu celulares e computadores de funcionários, já era esperada e que a defesa mantém total
tranquilidade, porque o criadouro é gerido por pessoa idônea, com reputação ilibada, que sempre trabalhou em
conformidade com as normas ambientais.
Sobre a questão da constatação do circovírus na região de Curaçá, na Bahia, ela salienta que foi o próprio criadouro que
informou aos órgãos ambientais, em maio de 2025, quando o vírus foi identificado pela primeira vez em um filhote,
nascido em vida livre. Bruna Cabral acrescenta que o circovírus já foi registrado há décadas em diferentes contextos da
fauna brasileira e defende que o tema seja tratado em instância técnica, com base em evidências e cooperação entre
instituições.
A defesa esclarece que as aves permanecem no criadouro, em Curaçá (BA), sob os cuidados da equipe de profissionais do
local e tutela do Estado, sem interrupção no manejo diário. Informa também que atualmente a empresa mantém 103
ararinhas-azuis sob seus cuidados, todas em bom estado clínico geral. Desse total, 98 aves não apresentaram
detecção de circovírus nos exames mais recentes e as 5 que tiveram o vírus identificado, em ao menos um teste,
estão isoladas das demais, com manejo, utensílios e equipe exclusivos, seguindo protocolos rígidos de biossegurança e
bem-estar animal.
Os advogados explicam ainda que há divergência entre metodologias laboratoriais aplicadas nos exames e que, por
isso, solicitou acesso integral aos laudos e propôs uma reunião técnica conjunta entre laboratórios, órgãos ambientais e
especialistas independentes.
O escritório de defesa lembra que o Criadouro Ararinha-azul tem histórico de parceria com o poder público na
conservação da espécie. Em 2022, participou da reintrodução de 20 ararinhas-azuis na Caatinga, operação que teve
taxa de sobrevivência estimada em 45% e registro de filhotes nascidos em ambiente natural, após 37 anos sem reprodução
em vida livre.
A defesa do criadouro reconhece que o ICMBio tem atuado dentro de suas atribuições, fiscalizando, apontando
responsabilidades e adotando medidas para conter a disseminação do vírus, ressalvados atos pontuais e multas que estão
sendo questionados administrativamente ou perante o Poder Judiciário.
Também registra que o criadouro, diante de um cenário complexo e de difícil controle sanitário, vem mobilizando todos
os esforços possíveis para cumprir as exigências do órgão — desde a busca de diálogo institucional até investimentos de
alto custo, feitos em tempo reduzido, tanto para cuidar das aves cativas, quanto das aves de vida livre recolhidas por
determinação do próprio ICMBio.
Essas ações reforçam o compromisso da empresa com a conservação da espécie e com o cumprimento dos protocolos
ambientais, apesar dos ruídos que ainda cercam a origem do vírus e as suspeitas de que sua disseminação teria relação
com práticas do criadouro.
Para especialistas e profissionais envolvidos no tema, não parece coerente — nem racional — supor que a própria
instituição, responsável por avanços reconhecidos e por décadas de trabalho e investimento contínuo, colocaria em risco o
resultado de sua própria trajetória.
Os advogados enfatizam que confiam nas investigações, conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público
Federal, que permitirão esclarecer os fatos e reconhecer a regularidade do trabalho do criadouro para a continuidade do
projeto de preservação da ararinha-azul na Caatinga.
Entenda o caso
A ararinha-azul, espécie considerada extinta na natureza por décadas, vem sendo reintroduzida na Caatinga em Curaçá
(BA), por meio de um programa que envolve criadouros, órgãos ambientais e organizações parceiras.
Em 2022, aves repatriadas foram soltas em vida livre na região e, desde então, o projeto se tornou referência em
conservação da espécie.
Em 2025, exames identificaram circovírus em ararinhas-azuis do programa, levando o ICMBio e o órgão ambiental da
Bahia a abrirem investigação sobre possíveis falhas em protocolos de biossegurança no criadouro responsável pelas aves.
A partir daí, foram aplicadas multas, emitidas notas oficiais sobre a origem do vírus, as responsabilidades e o impacto da
doença na sobrevivência da espécie na natureza.
Ascom