Por Emanuelle Ribeiro —
Julgamento durou mais de oito horas no STJD. Auditores entendem que atacante agiu de forma contrária à ética desportiva. Ele também terá de pagar multa de R$ 60 mil. Cabe recurso
Julgado nesta quinta-feira pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi suspenso por 12 jogos. Ele foi denunciado por forçar um cartão amarelo e beneficiar apostadores em 2023, em um jogo contra o Santos, no Mané Garrincha, pelo Brasileirão. O julgamento começou na manhã desta quinta-feira e durou mais de oito horas. Cabe recurso.

Bruno Henrique se pronuncia durante o julgamento no STJD
Bruno Henrique foi absolvido no artigo 243 do Código de Justiça Desportiva, que fala em manipular e prejudicar uma equipe de forma deliberada. No entanto, por 4 votos 1, os auditores decidiram que o atacante do Flamengo agiu de forma contrária à ética desportiva. Por isso, ele foi condenado a 12 jogos de suspensão, além de multa de R$ 60 mil.
Recurso e efeito suspensivo
Todas as partes podem recorrer. O Flamengo indicou que deve entrar com recurso. Nesse caso, Bruno Henrique será julgado no pleno do STJD.
Enquanto o recurso não é julgado, o Flamengo vai pedir o efeito suspensivo. A lei indica que, a partir de dois jogos de suspensão, o efeito suspensivo é garantido. Nesse caso, pela gravidade do tema, pode haver uma decisão contrária, mas tendência é que consiga o efeito suspensivo.
O atacante não esteve na sede do STJD, mas entrou na audiência por videoconferência. Ele acompanhou a maior parte do julgamento, que durou quase oito horas, fez um breve pronunciamento e se declarou inocente. O advogado Alexandre Vitorino foi o representante do atacante. Advogados do Flamengo também estiveram presentes: Michel Assef Filho e Flavio Willeman (vice-presidente do clube).
A Procuradoria denunciou mais quatro atletas amadores. Três deles compareceram à audiência de forma virtual: Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Andryl Sales Nascimento dos Reis e Douglas Ribeiro Pina Barcelos. Wander Nunes Pinto Junior, irmão de Bruno, foi representado por um advogado.
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Julgamento do Bruno Henrique, do Flamengo — Foto: Emanuelle Ribeiro / ge
Bruno Henrique foi denunciado pela Procuradoria do STJD em vários artigos do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva): art. 243, §1º; art. 243-A, parágrafo único; art. 184 e art. 191, III. Além do artigo 65, II, III e V, do regulamento geral de competições da CBF de 2023.
O que aconteceu?
Em abril deste ano, a Polícia Federal indiciou Bruno Henrique. Ele é acusado de fraude esportiva e foi denunciado no artigo 200 da Lei Geral do Esporte – fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado –, com pena de dois a seis anos de reclusão.
A denúncia do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) foi aceita pela Justiça do Distrito Federal, e o atleta do Flamengo ainda será julgado na esfera comum.
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Bruno Henrique comemora gol em Flamengo x Vitória — Foto: Alexandre Durão
Além de Bruno Henrique, também fazem parte da investigação Wander Nunes Pinto Júnior (irmão do atleta), Ludymilla Araújo Lima (esposa de Wander) e Poliana Ester Nunes Cardoso (prima do jogador), e Andryl Sales Nascimento dos Reis, Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Douglas Ribeiro Pina Barcelos (amigos de Wander, segundo as investigações). Ludymilla e Poliana ficaram fora da lista de denunciados do STJD.
A investigação da Polícia Federal foi iniciada em agosto do ano passado. Em novembro, o jogador e outros suspeitos foram alvo de uma operação de busca e apreensão. Investigadores extraíram conversas do celular de Wander que embasaram o indiciamento dos suspeitos.
O atacante do Flamengo teria informado a Wander que tomaria um cartão amarelo em jogo contra o Santos, disputado em Brasília, em novembro de 2023 – o jogador estava pendurado com dois cartões amarelos. Apostas feitas por Wander, a esposa dele, uma prima e amigos chamaram atenção das empresas de bets, que estranharam o volume de dinheiro no cartão amarelo de Bruno Henrique.