PM é acionada para impedir a entrada de servidores do Judiciário no Fórum da Comarca de Exu – Pernambuco

 

Adriana Machado

Senhores Editores do BlogQSP

É com grande angústia que me dirijo a este meio de comunicação, tão respeitado no Estado de Pernambuco, para noticiar as práticas abusivas e ditatoriais que vêm ocorrendo na cidade de Exu. Inicialmente, às saudações de praxe. Chamo-me Adriana Machado Beserra, Técnica Judiciária do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, tendo sido nomeada, após aprovação em concurso público, em setembro de 2008. 
Como já é de conhecimento de Vossas Senhorias, os servidores do TJPE deflagraram greve geral da categoria desde 09 de maio, por motivos variados, dentre eles: falta de reajuste dos auxílios alimentação, transporte e saúde; não implementação da revisão geral anual assegurada a todos os servidores públicos pela Constituição Federal; falta de progressão funcional na carreira; integração do vencimento base por parcelas atualmente autônomas (gratificação de exercício e de atividade judiciária); aumento da jornada de trabalho sem contrapartida financeira; discussão do plano de cargos, carreiras e vencimentos com a participação efetiva da categoria.
Já na terceira semana do movimento, na data de hoje, o Juiz de Exu, DR. HAULER DOS SANTOS FONSECA, indignado com a decisão firme dos servidores desta comarca de permanecerem no movimento paredista, convocou-nos a uma reunião, na qual, em tom ameaçador e de repressão, disse que INADMITIA O TRÂNSITO, NAS DEPENDÊNCIAS DO FÓRUM, DOS SERVIDORES QUE SE ENCONTRAVAM PARTICIPANDO DO MOVIMENTO GREVISTA, NÃO NOS CABENDO BEBER ÁGUA, CAFÉ OU UTILIZAR O BANHEIRO DO NOSSO LOCAL DE TRABALHO, E QUE SUA DECISÃO ESTARIA ACOBERTADA POR ORIENTAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL, COM QUEM HAVIA MANTIDO CONVERSA NO DIA ANTERIOR.
Como se não bastasse tal truculência, pouco tempo após, se encontrava no Fórum desta Comarca um Policial Militar, que nos informou o motivo da sua estada: impedir a nossa entrada no nosso local de trabalho, a mando do Juiz Hauler dos Santos Fonseca. Diante da situação, eu e a equipe de colegas dirigimo-nos à sede da Policia Militar local, tendo solicitado a lavratura de Boletim de Ocorrência, ao qual recebera o n.º 0929/3ª COM/2011.
Em que estado de direito vivemos? Como podemos permitir que um abuso desta gravidade permaneça em silêncio? Como tolerar que servidores, legitimamente titulares de cargos públicos, sejam impelidos de entrarem no seu local de trabalho por se encontrarem de greve? Será se no lugar onde deverias reinar a justiça não está sendo utilizado como refúgio para a prática de ilegalidades e atrocidades? Será se o exercício de um direito constitucionalmente assegurado pela Magna Carta Política de 1988 deve ser reprimido pela Policia Militar? Será mesmo que a nós, mortais que somos, só nos cabe baixar a cabeça perante o “rei” e esquecer que somos cidadãos, e mais do que isso, servidores públicos efetivos, e como tal devemos merecer respeito?
A situação em Exu é esta: a polícia militar é acionada para fazer retirar do Fórum, lugar público, os servidores da casa, após ordem ilegal oriunda do Magistrado titular da Comarca, que os trata com desdém, desrespeito e desmerecimento, utilizando-se da sua superioridade nata de chefe para provocar a pior e mais abominável forma de opressão: o assédio moral. 
Não nos soa como inverdade que os tempos em que a liberdade de expressão, organização e opinião eram mito tornaram-se apenas memórias de um passado não muito longínquo, porque dentro da Corte de Justiça Estadual a lei que voga e vigora é a do chicote: ou se dança conforme a melodia ensurdecedora dos super poderosos ou se está para sempre marcado com ferro e fogo. 
Espero que a nossa voz seja veiculada por este grandioso jornal. Precisamos do vosso apoio, pois só assim a sociedade terá conhecimento do tipo de violência psicológica e de arbitrariedades que estamos sofrendo.

 

 

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