Dia da Umbanda: conheça a história da religião de matriz africana celebrada em 15 de novembro

Por O Globo —

Além de ser o dia da Proclamação da República, 15 de novembro também carrega um sentido especial para os adeptos da Umbanda. É nesta data que, anualmente, os adeptos da religião de matriz africana celebram o culto, apontado por alguns seguidores como um dos únicos “genuinamente brasileiros”. O Dia Nacional da Umbanda foi oficializado pela então presidente Dilma Rousseff em 2012.

O que é a Umbanda?

Apesar de já existirem indícios da existência de práticas para além do Candomblé antes de 1908, este ano é considerado por muitos adeptos como o marco de nascimento da Umbanda. Na noite do dia 15 de novembro daquele ano, em um centro espírita em São Gonçalo, o jovem médium Zélio Fernandino de Moraes, aos 17 anos, recebeu o espírito indígena Caboclo das Sete Encruzilhadas, que se apresentou como mensageiro de uma nova vertente religiosa.

De família católica, Zélio havia sido levado ao centro kardecista em busca de melhora para um grave problema de saúde que os médicos não conseguiam curar. Manifestada, a entidade deu ao médium, então, a missão de fundar sete terreiros da nova religião. Os espaços foram abertos entre os anos de 1930 e 1937.

O local no qual Moraes incorporou a entidade anunciadora se dedicava ao espiritismo, nos moldes pregados pelo francês Allan Kardec. Depois, o médium, que à época tinha menos de 20 anos, fundou a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, que funcionava no bairro de Neves.

O que significa ‘Umbanda’?

Umbanda é uma palavra do dialeto quimbundo e significa “curandeirismo ou arte da cura”. É uma religião que sincretiza elementos dos cultos africanos com santos católicos e tradições indígenas, além do espiritismo kardecista.

Os umbandistas acreditam na existência de um deus soberano chamado Zambi ou Olorum (equivalente a Olódùmarè). Eles também creem na imortalidade da alma, na reencarnação e no carma, além de reverenciar entidades, que seriam espíritos mais experientes que guiam as pessoas. Um dos principais marcos cristãos da umbanda é a prática da caridade.

Os rituais umbandistas também são feitos com batuques e cânticos sagrados, mas cantados em português. É comum que médiuns manifestem incorporações de entidades para curar, aconselhar, avaliar e modificar a vida das pessoas. Por estar ligada de modo intrínseco à vida terrena, os espíritos ou entidades possuem hábitos comuns às pessoas, como o fumo de cachimbo, charuto, cigarros e álcool, presentes durante a realização dos trabalhos espirituais.

Na umbanda, a cerimônia de louvação pode ser chamada de sessão, gira ou banda. A dirigente espiritual é chamada de mãe de santo ou pai de santo. Os religiosos se consideram irmãos por estarem na mesma casa, mas não há hierarquia entre eles. O filho de um filho de santo não é considerado neto de santo, por exemplo. Também não há iniciação para um determinado orixá. Há o desenvolvimento mediúnico para incorporação. Em relação à linha sucessória, geralmente a escolha também é espiritual.

Reconhecimento

Em novembro de 2016, o prefeito Eduardo Paes publicou no Diário Oficial do Município um decreto tornando a Umbanda como patrimônio cultural de natureza imaterial do Rio. O Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) ficou responsável pelo cadastro dos terreiros. A Tenda Espírita Vovó Maria Conga de Aruanda, no Estácio, foi a primeira cadastrada.

O reconhecimento foi realizado pela necessidade de políticas públicas de respeito à diversidade religiosa, além de lembrar a importância de reflexões sobre as religiões de matriz africanas.

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