Elmar Nascimento pode colecionar mais um “quase” na carreira política. Depois de quase ser secretário quando Jaques Wagner era governador na Bahia, de quase ser ministro de Luiz Inácio Lula da Silva no terceiro mandato, o deputado federal baiano pode ser, nas próximas semanas, um quase candidato à presidência da Câmara dos Deputados. A articulação dele, iniciada há mais tempo do que a memória do eleitor brasileiro permite acessar, pode ter dado chabu por uma série de fatores, que sequer estão vindo integralmente à público, por enquanto.
Até o final da semana passada, Elmar era o candidato de Arthur Lira (PP-AL). O todo poderoso presidente da Câmara deixava todos os sinais de que apoiaria o principal artífice da primeira eleição dele. No entanto, Elmar, que já enfrentava resistências de núcleos governistas, passou também a não ter a simpatia de outros núcleos (ok, ele não é lá uma das figuras mais simpáticas do Congresso Nacional, mas isso já tinha ficado para trás). Com a desistência de Marcos Pereira (Republicanos-SP), que nutria mais governismo do que Elmar, a ascendência de Hugo Motta (Republicanos-PB) tornou o caminho do baiano mais cheio de ressalvas.
Diante do cenário, de franco favorito, Elmar foi alçado a posição de quase rifado. É uma posição em que ele esteve quando o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (então no DEM), renegou o amigo e colega de apartamento funcional para apoiar Baleia Rossi (PMDB-SP). A imprensa do eixo Rio-São Paulo-Brasília jogou essa fissura no colo do então presidente do DEM, ACM Neto, porém, quem conhece mais a cena baiana, identificou as digitais de Elmar no esvaziamento de Maia, que terminou o mandato no ostracismo e sequer tentou a reeleição.
Elmar tinha acreditado que Rodrigo o indicaria para sucedê-lo. Foi traído e pagou com uma moeda muito similar, deixando o ex-amigo isolado ao ponto de permitir que um então parlamentar da planície se tornasse não apenas viável como também mais poderoso do que o antecessor. Arthur Lira é fruto também dessa confluência de interesses, que passam pelo desejo de Elmar em presidir a Câmara. Desde então, o baiano foi se cacifando como representante do sindicato dos deputados, com o endosso tangencial de Lira.
Os ponteiros então se desalinharam. E se realinharam envolvendo atores diferentes. Até então adversários, Elmar e Antônio Brito (PSD-BA) agora conversam, via direções nacionais do partido, para que um dos dois seja alçado à condição de candidato, esvaziando assim a chance de Lira emplacar a candidatura de Hugo Motta. PSD e União Brasil lançariam um esforço concentrado para bater quem quer que venha a receber a benção do atual presidente da Câmara.
De pavio ligeiramente curto, Elmar não deixaria barato. Não deixou em outras oportunidades. Os próximos dias serão essenciais para saber se Elmar vai colecionar mais esse “quase”.