Radares meteorológicos monitoram chuvas em andamento e ajudam a tomar decisões capazes de mitigar riscos e prejuízos em áreas urbanas e rurais

A tecnologia fornece informações sobre volume e deslocamento de chuvas com alta resolução espacial (a cada 90 metros) e temporal (10, 5 ou até 1 minuto).

Esse dado, somado ao conhecimento de pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), é um recurso importante no gerenciamento de riscos de eventos provocados pelas chuvas

A segurança hídrica de uma cidade, de um estado ou de um país abrange um amplo leque de aspectos. É preciso ter disponibilidade de água de qualidade e suficiente para as necessidades das pessoas, assim como para as atividades da economia e, tudo isso, preservando o meio ambiente. Além disso, um sistema eficiente de gestão de riscos no caso de situações extremas de seca ou chuvas. Agora, em janeiro, por exemplo, cidades de diversas regiões do país sofreram com as chuvas que, entre outros prejuízos, resultaram em alagamentos, lesões, quedas de árvores, danos à agricultura e, o mais grave, perda de vidas humanas.

Conhecimento e tecnologia são capazes de prever eventos meteorológicos, inclusive a possibilidade de ocorrência de chuvas. Mas e depois que já começou a chover, o que podemos fazer para mitigar os efeitos de uma tempestade? “Pode-se fazer muito. Temos radares que, uma vez iniciados a chuva, fornecem medir essas características, gerando dados importantes”, afirma o professor e pesquisador Carlos Augusto Morales, do Departamento de Ciências Atmosféricas, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo ( IAG/USP). E tudo pode começar com informações sobre o volume e a posição das chuvas, obtidas em tempo real.

Os pesquisadores do IAG monitoram a chuva com alta resolução espacial, a cada 90 metros, e temporal, a cada 10, 5 ou até 1 minuto. No entanto, de acordo com Morales, essa não é a realidade de todo o país. No Brasil ainda há radares meteorológicos que remontam à década de 1990 e 2000 e o pesquisador acredita que cerca de 90% deles não foram atualizados e não fornecem entregar o monitoramento da chuva em uma resolução adequada. “Com os sistemas de previsão de curto prazo, conseguimos identificar quais são os locais mais prováveis ​​de ter inundações e penetração e avisar as autoridades para que possam agir”, diz. A Defesa Civil do Estado de São Paulo e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), por exemplo, recebem dados como esses do IAG.

Nos centros urbanos, esse tipo de monitoramento permite saber, entre outros aspectos, o volume de água que caiu sob determinada área. Se a região tem um sistema de escoamento suficiente para absorver o volume previsto não há com que se preocupe. No entanto, se o sistema de drenagem não for eficiente, os alagamentos vão se formar e, portanto, é o momento de avisar a população e colocar as equipes de socorro de prontidão para evitar o pior. Nas áreas rurais, esse tipo de informação é muito importante para a agricultura e o manejo correto da segurança.

Mais tecnológico e mais acessível

Outro aspecto que propicia ampliar esse tipo de monitoramento de chuva por meio de radares meteorológicos, além do avanço da tecnologia, foi o desenvolvimento de equipamentos mais compactos e com preço mais acessível, que podem atender demandas de municípios menores. “Na década de 1980, o radar meteorológico mais simples custava cerca de 2 milhões de dólares. Hoje, com esse valor, posso adquirir o estado da arte dessa tecnologia. Um radar convencional pode custar metade desse valor. Esses são radares em que é preciso investir em uma subestação de energia. No entanto, existem soluções bem mais simples, plug and play , que você liga na tomada. Portanto, há tecnologias para diferentes necessidades”, informa.

Apesar disso, a tecnologia ainda é subutilizada. Um dos setores que pode se beneficiar muito desse tipo de monitoramento é o de energia elétrica, na opinião de Morales. “Com a informação prévia da extensão das regiões em determinada localidade, um transporte de energia elétrica deixaria equipes de prontidão para atuar em áreas de maior risco de falta de energia, devido a quedas de árvores sob fios, alagamentos e outros incidentes. No entanto, a utilização desse recurso no setor, acompanhada de estratégias de gestão de risco, ainda é incipiente, na opinião do investigador.

Sobre o IAG/USP – O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo é um dos principais polos de pesquisa do Brasil nas áreas de Ciências Exatas e da Terra. A missão é contribuir para o desenvolvimento do país, promovendo o ensino, a pesquisa e a difusão de conhecimentos sobre as ciências da Terra e do Universo e aspirando reconhecimento e liderança pela qualidade dos profissionais formados e pelo impacto da atuação científica e acadêmica. Na graduação, o IAG recebe em seus três cursos 80 novos alunos todos os anos. Já são mais de 700 profissionais formados pelo IAG, entre geofísicos, meteorologistas e astrônomos. Os quatro programas de pós-graduação do IAG já formaram mais de 870 mestres e 450 doutores desde a década de 1970. O corpo docente também tem posição de destaque em grandes colaborações científicas nacionais e internacionais.

 

Informações de Imprensa:

SENSU Consultoria de Comunicação

Moura Leite Netto

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *