Diesel e gasolina mais caros a partir de hoje (16)

Vinicius Konchinski/Brasil de Fato |  

Estatal subiu gasolina em 16,3% e diesel em 25,8% após empresas privadas indicarem risco de desabastecimento no país

Petrobras anunciou nesta terça-feira (15) que vai aumentar o preço da gasolina e do diesel vendidos a distribuidoras de combustível. O reajuste será aplicado a partir de quarta (16) e acontecerá em meio a reclamações de concorrentes privados da estatal sobre a nova política de preços da companhia, que barateou os derivados de petróleo no país.

O litro da gasolina produzido pela Petrobras passará de R$ 2,52 para R$ 2,93 – aumento de 16,3%. Já o diesel subirá de R$ 3,02 para R$ 3,80, uma elevação de 25,8%.

Este é o primeiro reajuste do diesel aplicado pela Petrobras desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prometeu reduzir o custo do combustível. Quando Lula assumiu, a estatal vendia o diesel a R$ 4,49.

O anúncio do aumento do combustível ocorre justamente num momento em que concorrentes da Petrobras reclamam abertamente da redução dos preços. Segundo importadores de combustíveis e refinarias privadas, a estatal havia barateado principalmente o diesel a tal ponto que estava se tornando inviável financeiramente para empresas privadas produzirem ou revenderem o combustível.

As empresas privadas alertavam, inclusive, que isso criava um risco de desabastecimento no país, já que a Petrobras não consegue, sozinha, suprir toda a necessidade do mercado.

‘Ataque especulativo’

Na segunda-feira (14), o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, afirmou em redes sociais que a Petrobras estava sendo vítima de um “ataque especulativo de agentes econômicos”. Segundo ele, empresas privadas estariam comprando diesel e estocando o produto, pressionando a estatal a elevar preços.

No mesmo dia, mais cedo, a Petrobras emitiu uma nota reforçando que estava entregando a distribuidoras de combustível todo o diesel por elas comprado. “Não reduzimos nossa oferta de diesel”, dizia o título do comunicado da empresa.

Já a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) divulgou comunicado informando que havia “uma restrição nas entregas de combustíveis em algumas bases de distribuição para os postos”, apesar de não haver desabastecimento no país.

No mesmo comunicado, a federação falou dos impactos da redução do preço dos combustíveis da Petrobras sobre a cadeia de mercado dos produtos. “Hoje, o Brasil precisa contar com a importação de óleo diesel e gasolina para manter o abastecimento no país”, declarou.

Petrobras cede

Para o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo (OSP), a Petrobras cedeu à pressão, ainda que parcialmente.

Segundo ele, relatórios sobre preços internacionais de combustíveis indicavam, na segunda-feira (14), que a estatal vendia gasolina R$ 0,90 mais barata que fora do país. Ela aumentou R$ 0,41. Já o diesel estava R$ 1,18 mais barato. Houve aumento de R$ 0,78.

Para Pedro Faria, economista e pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Petrobras errou nessa cessão ao lobby privado.

Os aumentos de combustível devem ter impactos diretos na inflação. A Petrobras é a maior fornecedora de combustíveis do país. Seus reajustes são quase que automaticamente transferidos para o preço final da gasolina e diesel nos postos.

O diesel é usado por veículos de transportes de mercadorias no Brasil. Seu aumento, portanto, tem um efeito sobre o preço final de muitos produtos.

Edição: Geisa Marques

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