De acordo com Nenezinha, que coordena um dos grupos de Penitentes desde 1988, como as “Alimentadeiras de Almas”, todos os anos, sempre no período da Quaresma, um grupo de pessoas de várias idades sai pelas ruas em caminhada até o cemitério local. “O nosso grupo tem muitos jovens, saímos em caminhada durante a Quaresma nas segundas, quartas e sextas, e durante a Semana Santa todos os dias”, disse.
A penitente admirada na cidade e conhecedora da cultura local lamenta o desrespeito e a intolerância religiosa com a manifestação dos Penitentes. Segundo ela, ainda existe “aquelas pessoas que não veem a gente com respeito, falam mal, jogam água, e até carros de som de religiosos de outras igrejas criticam a nossa manifestação, que não é folclore, é a nossa identidade de fé”, desabafa.
Ainda segundo Dona Nenezinha, existiam mais grupos de “Alimentadeiras de Almas”, “eram cinco, hoje são apenas dois”. Ela explica que o grupo que coordena foi o primeiro a ser fundado, em 1901. “Muitas gerações se passaram, e segundo os antigos, quem fizer uma promessa tem que cumprir 7 anos. Os Disciplinadores também fazem isso”, disse. “Antigamente o grupo era grande, mais ou menos 40 pessoas, mas hoje por conta de outras atividades, tem 15 a 20 pessoas”.
O grupo de Nenezinha, “Alimentadeiras de Almas” cumpre na caminhada as 7 estações, três dias na semana durante a Quaresma. O grupo de Penitentes sai da Rua Princesa Isabel, Bairro Santo Antônio, às 20:30, nas segundas, quartas e sextas, em direção ao cemitério da cidade. E os “Disciplinadores” saem à meia-noite, onde no cemitério praticam o autoflagelo.
Exposição sobre os Penitentes que aconteceu n Museu do São Francisco em 2015, contou com fotos sobre os grupos “Alimentadeiras de Almas” e “Os Disciplinadores” – o autoflagelo – e ainda indumentárias, e objetos que acompanham os Penitentes, como a matraca, e outros que lembram a manifestação de fé dessa tradição secular do município de Juazeiro.
Museu do São Francisco
O Museu Regional funciona de segunda a sábado, das 08 às 13 horas, e recebe sempre a visita de alunos de diversas instituições de ensino, visitantes da cidade e turistas de diversas partes do estado e país. Ainda de acordo com Rosy, apenas para os horários extras, como à tarde, noite e também dia de domingo, é preciso de agendamento para visitar o museu.
Por Paulo Carvalho