O CÉU E O INFERNO

*Luiz Duarte

blogqsp.luizduarte

Há várias razões e inúmeros motivos para o homem trilhar os caminhos do bem. E há vários motivos para o homem raciocinar e deduzir que tem a obrigação de ser bom e que o dever de não ser mau.

Vejamos, então, esta perspectiva através de dois ângulos. Primeiro, sob o aspecto da educação cívica cujos principais argumentos são de natureza policial ou legal: quem transgride os princípios da moralidade social, quem tem uma conduta reprovável e comete crimes poderá ser multado e/ou condenado às penas restritivas de direito ou privativas da liberdade. Segundo, sob a ótica da educação religiosa aqueles argumentos são transladados para umas regiões muito distantes, além da vida, denominadas Céu e Inferno.

O Céu e o Inferno são elementos externos, de acordo com as teologias que os admitem como lugares astronômicos ou geográficos. De acordo com essas teologias, o homem tem o dever de ser bom para ganhar a eternidade do Céu como prêmio e não deve ser mau para não ser castigado com o eterno fogo do inferno.

Infelizmente essas teologias não admitem o Céu ou o Inferno como estados da consciência ou da alma. Para aquelas teologias o Céu o Inferno são locais de beatitude angelical ou de choro e ranger de dentes, respectivamente.

Devemos registrar que todos os que cometem enganos ou erros, mesmo que sejam capitais, merecem ser perdoados conforme o exemplo de Jesus que pediu perdão para os que o pregaram na cruz, dando assim a maior prova possível de amor ao próximo, perdoando os que sabem e, também, os que não sabem o que fazem.

Os argumentos póstumos ainda continuam sendo válidos para um número elevado de pessoas. Muitos já não crêem mais no Céu e no Inferno como lugares. E, caso acreditem, deixam a solução deste problema para o fim da vida, pois muitas religiões oferecem “garantias” de que uma boa e sincera conversão, antes da morte, purifica o homem. Aliás, essa purificação na hora da morte pela força de um sacramento ou por um ato de fé no sangue do Cristo de Deus, se fosse verdadeira, seria equivocada ou injusta…

Com respeito a essas conversões de última hora, o Prof. Huberto Rhoden, doutor em Teologia e doutor em Filosofia, certa vez, afirmou que “desta maneira o homem, depois de ter gozado todos os céus dos homens, logra a Deus na hora da morte, assim como logrou os homens durante a vida terrena”.

Em sendo assim, uma pessoa pode passar a vida toda praticando perversidades, roubando, matando, cometendo crimes e todo tipo de procedimentos reprováveis visando se dar bem durante toda a sua vida, quando chega a hora da morte (enganando a Deus) recebe um sinal para a sua salvação e recebe a eternidade do céu de beatitude angelical como recompensa. Já outra pessoa que levou toda a sua vida dentro das leis (de Deus e dos homens) praticou apenas um pequeno delito, morreu de repente, sem ter tempo de receber o sinal (sacramento ou o sangue de Cristo), deverá ser castigado com o eterno fogo do inferno, onde haverá choro e ranger de dentes.

Se assim o fosse, estaríamos diante de um deus imperfeito, com forma e características humanas. E não na presença do verdadeiro Deus de infinito amor, infinita bondade, infinita justiça, infinita misericórdia e infinita perfeição.

Por isso, aqueles que não acreditam no Céu e no Inferno como locais têm motivos de sobra para crer que o Céu e o Inferno são estados de consciência, e não lugares astronômicos ou geográficos, para onde todos nós iremos, mais dia menos dia, depois da morte.

*Luiz Duarte

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