Atingidos pela barragem de Sobradinho ocupam BA 210 e exigem direito à água
A LUTA DOS DESALOJADOS
Há mais de 30 anos, os atingidos por Sobradinho foram expulsos da beira do rio São Francisco e relocados para as áreas de caatinga, sem nenhuma estrutura e hoje sofrem as graves consequências da violenta seca por que passa o nordeste brasileiro. “Quando a gente chegou nas novas áreas nem casa tinha, ficamos de baixo de lona uns seis meses. Com muita dificuldade construímos as nossas casas porque que a empresa não deu nada. Nós mulheres muitas vezes buscamos água na cabeça a três quilômetros, fazer comida foi muito sofrimento e até hoje sofremos porque a água não chegou”, reclamou dona Josefa, da comunidade de Brejo de Fora, município de Sento Sé.
Existe um projeto da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) de abastecimento de água, mas os atingidos afirmam que até agora é só promessa. “Estamos pagando até R$ 150 reais em um carro pipa de água, é muito difícil essa vida”, desabafou dona Josefa.
O caso da barragem de Sobradinho no norte da Bahia é um caso histórico de violação dos direitos humanos. Para a coordenadora do MAB, Fernanda Rodrigues, a ação desta manhã é um grande levante dos atingidos pela água. “É inadmissível que as famílias expulsas da beira do rio para a geração de energia, que garante tanta riqueza, vivam nesta situação de miséria. A água é fonte de vida e um direito de todos, muitas famílias estão deixando de comprar comida para comprar água, isso é inadmissível. A CHESF, a CODEVASF e o Estado brasileiro precisam assumir a responsabilidade social que tem conosco”, concluiu Fernanda.
Os atingidos esperam que as ações de abastecimento de água aconteçam nas comunidades atingidas, enquanto isso permanecerão mobilizados até que a CODEVASF e os órgãos responsáveis se pronunciem no atendimento da pauta. Com a manifestação, os atingidos conseguiram uma audiência com a Codevasf para as 11 horas desta manhã.
Contato: Joabe Pereira (87) 9940.0301