Assessor do prefeito de Petrolina, Hacker investigado por megavazamento de dados de 223 milhões de brasileiros nega crime e pede revogação de prisão ao STF

Por Bela Megale/O GLOBO _
Material apreendido pela PF de Yuri Batista Novaes, investigado por
suposto vazamento de dados de 223 milhões de brasileiros.

Preso há quase três meses pela Polícia
Federal sob suspeita de participação no
megavazamento de dados de 223 milhões de brasileiros em janeiro, Yuri Batista Novaes Goiana Ferraz apresentou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um pedido para que a revogação de sua prisão preventiva seja discutida pela Primeira Turma da corte ou pelo plenário.

A sua defesa apontou a existência de “excesso de prazo”, já que ainda não houve oferecimento de denúncia, e nega que ele seja o autor do vazamento.

A defesa também apresentou ao Supremo atestados médicos que indicam que Yuri Ferraz faz parte do grupo de risco da Covid- 19, por ter obesidade tipo 2, citando recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em favor da soltura de presos vulneráveis para a doença.

Ele está preso desde 20 de março em um presídio de Petrolina (PE), cidade onde reside.

Sobre os fatos investigados, Yuri Ferraz
argumenta que não era o usuário de nome JustBR, apontado pela PF como responsável pelo megavazamento de dados de 223 milhões de brasileiros em um fórum na internet no início do ano. A defesa afirmou que o e-mail utilizado por Yuri, que tinha um nome semelhante, só foi criado no dia 25 de janeiro, duas semanas após a publicação dovazamento no fórum.

A PF encontrou bancos de dados sobre brasileiros em nos computadores de Yuri e analisa o material.

Na semana passada, Moraes negou um
pedido de soltura apresentado pelos
advogados. A Procuradoria-Geral da
República (PGR) havia se manifestado
favoravelmente, sugerindo que a aplicação de medidas cautelares como o uso de tornezeleira eletrônica e proibição do acesso à internet seriam suficientes, mas o ministro apontou que a PF ainda estava analisa o material apreendido.

Diante disso, a defesa recorreu para que o caso seja levado aos demais ministros.
A prisão foi determinada no âmbito do
inquérito das fake news, porque o caso
envolve suspeitas de que o megavazamento também continha dados de ministros do STF.

Um outro alvo também foi preso pela PF.

Procurado, o advogado Jônatan Nunes
Meireles afirmou que estuda denunciar o
caso à Corte Interamericana de Direitos
Humanos por “graves violações” envolvendo seu cliente devido ao tempo de prisão.

Segundo a defesa, Yuri Ferraz também é
advogado de formação e, por isso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi acionada para se posicionar no caso.